Intelectuais franceses criticam Ministério da Imigração

O novo e poderoso Ministério da Imigração e Identidade Nacional da França é um perigo para a democracia, afirma um crescente coro de críticos e intelectuais dentro e fora do país. Em uma petição publicada hoje, quase 200 historiadores, artistas e intelectuais de todo o mundo pedem que o nome do ministério seja mudado e seus poderes reduzidos.

Muitos argumentam que a nova instituição – montada para combater a imigração ilegal, integrar melhor os imigrantes que são aceitos e proteger a identidade francesa – encorpa os temas dos eleitores da extrema-direita que ajudaram o conservador Nicolas Sarkozy a ser eleito presidente. A ligação entre a imigração e o conceito de identidade nacional "é algo que define a imigração como um problema para a França e os franceses desde o princípio " afirma a petição.

"Essa confusão de regras e funções é inadmissível e preocupante " afirma a petição. "Nós protestamos com energia contra o nome e os poderes conferidos a essa ministério." A petição "solenemente pede ao presidente da República que faça as suas escolhas mais em conformidade com as tradições democráticas" da França. Sarkozy criou o Ministério da Imigração, Integração, Identidade Nacional e Ajuda ao desenvolvimento – seu nome completo – no mês passado.

O ministério é chefiado por Brice Hortefeux, aliado de Sarkozy há mais de três décadas, que ao contrário de outros ministros, tem adotado um perfil discreto desde que tomou posse. Hoje, Hortefeux estava em viagem ao Benin, país africano. A lista das 188 pessoas que assinaram a petição, publicada hoje no diário de esquerda Libération, inclui alguns dos mais ilustres pensadores franceses, bem como professores da universidades de Princeton, Cambridge, Sydney, Tóquio e outras.

"Não existe definição oficial de identidade nacional," diz Gérard Noiriel, um famoso historiador e líder do movimento de protesto. "A identidade é construída a cada dia pelas próprias pessoas. Está acima das capacidades do Estado dizer qual deve ser a identidade nacional," afirma Noiriel.

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