Incerteza persiste, bolsa cai e dólar sobe

São Paulo – A divulgação de dois importantes indicadores da economia americana – inflação ao consumidor e produção industrial – não dissipou as dúvidas sobre o futuro econômico dos Estados Unidos. Mas reduziu as esperanças de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) poderá promover um corte na taxa básica de juros nos próximos meses.

Em Nova York, essa perspectiva acelerou as vendas de ações e as bolsas fecharam em baixa. Por aqui, os mercados adotaram posição defensiva. A Bovespa caiu, e dólar e juros fecharam em alta. O Índice Dow Jones recuou 0,41% e a Nasdaq, 0,25%. O Ibovespa seguiu a tendência e se desvalorizou 1,27%. Com o resultado, a bolsa paulista passou a acumular baixas de 2,65% em março e de 3,92% em 2007. O movimento financeiro ficou em R$ 2,626 bilhões. Na semana, o Ibovespa registrou perdas de 3,18%.

O mercado de juros futuros teve um dia fraco em termos de liquidez, com taxas em leve alta, alinhadas com o movimento defensivo que se viu nos mercados externos. Na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), o DI janeiro 2009 negociou 145 mil contratos e encerrou a 11,85%, de 11,82% quinta-feira.

O dólar à vista voltou a acompanhar a volatilidade das bolsas, mas sempre em sentido oposto. Com a queda dos mercados de ações em Nova York e São Paulo, a moeda americana fechou em alta de 0,14% (para R$ 2,0930), após dois recuos seguidos. Os investidores venderam ações e compraram dólar no mercado doméstico, num ajuste de posições em meio à manutenção das incertezas sobre o rumo da economia norte-americana.

No mercado internacional de moedas, o dólar chegou a subir de manhã, após o dado robusto de produção industrial nos Estados Unidos, mas não teve forças para se manter em alta e recuou. No início da noite, o euro subia 0,17%, para US$ 1,3317.

Volatilidade mundial vai testar Brasil, diz Langoni

Rio (AE) – O ambiente de alta volatilidade no mercado mundial, resultante da ?implosão da bolha imobiliária? nos Estados Unidos, será um teste definitivo para a política macroeconômica do Brasil, avalia o diretor do Centro de Economia Mundial da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Carlos Langoni. Mas ele está otimista e ressaltou que o País tem se saído bem, como resultado da mudança estrutural positiva nas contas externas nos últimos anos.

O economista projeta um crescimento de 4% para o PIB brasileiro em 2007.

Ainda que o País esteja com reservas suficientes para enfrentar a atual turbulência, Langoni ressalta que o cenário de maior volatilidade reforça a necessidade de manutenção de um gradualismo monetário no Brasil. Para ele, o ?Banco Central estava certo e está certo? em reduzir os juros gradualmente. Além disso, ele destaca que, do ponto de vista político, é preciso preservar a autonomia do BC e ?até transformá-la de informal em formal?.

Langoni entende que o cenário externo mais provável para este ano é de ?aterrissagem suave? da economia mundial e, mesmo com ?as reformas apenas parciais?, ainda que ocorra um ajuste recessivo no mundo, o Brasil continuará crescendo, embora em ritmo menor do que o previsto hoje.

Para o economista da FGV, um ajuste recessivo, conseqüência dos problemas atuais nos Estados Unidos, ?é uma probabilidade de apenas 30%?. Para ele, mesmo que ocorra uma desaceleração mais forte da economia americana, o dinamismo no resto do mundo, como na Europa e na Ásia, deverá garantir um crescimento razoável da economia mundial.

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