Governo teme “maio verde”

Brasília – A intensificação das ações do movimento dos sem-teto preocupa muito o Palácio do Planalto. A falta de interlocução entre o governo e as principais lideranças desse movimento se tornou um problema e está sendo analisado pela área de inteligência. Além da atuação desse grupo ser diferente da dos trabalhadores rurais, há o temor que as atividades se estendam pelo País para além dos grandes centros.

Para analistas do governo, o fato de o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ter nascido dentro do próprio PT facilita o diálogo, principalmente por as lideranças serem conhecidas e terem trânsito em setores do governo. Além disso, o Palácio do Planalto acredita que acabou o “abril vermelho”, como ficou conhecida a onda de invasões de propriedades rurais promovida pelo movimento. “Temos que nos preocupar agora com o “maio verde”, definição para as ocupações promovidas pelos sem-teto”.

Mapear

A área de inteligência está mapeando a situação identificando lideranças e movimentos que estão aparecendo em algumas capitais, como São Paulo. “O que estamos vendo são atividades em área urbana bem diferente daquilo que estamos acostumados, que é a zona rural”, afirma um integrante do setor de inteligência. “É difícil fazer um mapeamento, principalmente pelo fato de não termos acesso às lideranças.”

Além disso, outro problema é a falta de um movimento fixo comandando as ações, pois hoje não existem entidades juridicamente formadas, o que facilita a impunidade.

Segundo uma fonte do Palácio do Planalto, o problema poderá se acirrar por todo o País. “Muitas pessoas que estão integrando o movimento dos sem-teto são oriundos da zona rural. Eles chegam nas cidades sem ter para onde ir e aderem à onda de ocupações de moradias”, afirma a fonte. Apesar disso, a União não pretende interferir na repressão aos sem-teto, pois isto é da alçada das autoridades estaduais, mas vai agir quando houver invasões de prédios públicos, como vem fazendo hoje em relação aos sem-terra.

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