Recife (ABr) – O ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, assegurou ontem que o projeto de integração do Rio São Francisco às bacias do Nordeste setentrional, também conhecido como transposição do São Francisco, tem condições de ser executado pelo governo federal em um prazo de dois anos. Ciro Gomes disse que a polêmica em torno do empreendimento é mais barulhenta do que a iniciativa merecia. Segundo o ministro, o projeto é simples, já que o volume de água a ser transposto corresponde a 1,4% da vazão do rio e as obras de engenharia só incluem dois trechos de canais, com extensão de 720 quilômetros, com pequenos túneis e poucas estações elevatórias.
O ministro se queixou de que um dos principais opositores da obra é o Partido da Frente Liberal (PFL). "Alguns parlamentares do PFL da Bahia e de Sergipe têm sido agressivos e mesquinhos, violentando uma tradição nordestina milenar de que não se deve negar água para quem precisa", observou. Sobre a greve de fome realizada em setembro pelo bispo dom Luiz Cappio, do município de Barras, a 650 quilômetros de Salvador, com objetivo de impedir o andamento do projeto, Ciro Gomes declarou que nada mudou. "O bispo demonstrou numa frase, de uma carta encaminhada por ele ao presidente Lula, que estava entendendo equivocadamente a idéia do projeto, por ter alegado que 70% da água seria destinada a beneficiar grandes empreendimentos", disse.
Ciro afirmou que o projeto é uma concessão da Agência Nacional de Águas que vai contemplar exclusivamente o abastecimento humano. "Acho que uma greve de fome, qualquer que seja a motivação, atenta contra a moral cristã. Fazer uma greve de fome para antagonizar numa democracia, numa república, se pondo ao lado de uma facção em detrimento de milhões de pessoas que precisam (de água), talvez mereça da parte do bispo uma reflexão", disse. Ele afirmou que será realizado um debate na Confederação Nacional dos Bispos do Brasil, (CNBB), nos dias oito e nove de novembro e nas regionais da instituição no Nordeste.