Buarque inaugura a debandada no PT

São Paulo – A crise política começa a provocar baixas no PT. O senador Cristovam Buarque (PT-DF) disse ontem que deixará o partido nos próximos dias, concretizando uma ameaça feita há duas semanas. O senador alegou que, ao longo de quase três anos do governo Lula, o PT não apresentou um projeto nacional nem "idéias claras" para mudar o Brasil.

Antes de participar de um seminário que discute a globalização e a democracia, na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Cristovam admitiu ainda que sairá do PT não por causa das denúncias de corrupção às quais membros da legenda mergulharam em meio à crise, mas porque o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não cumpriu os seus compromissos de campanha.

O senador também descartou possível filiação ao PSOL, partido fundado por ex-petistas. Ele disse que pode tornar-se independente. Perguntado se, ainda assim, apoiaria Lula numa eventual campanha à reeleição, em 2006, foi enfático: "Depende dos outros candidatos", disse ele. Há rumores de que o senador estaria propenso a entrar ou no PPS de Roberto Freire ou no PDT fundado por Leonel Brizola, de olho nas eleições de 2006, mas pensando mesmo na sucessão presidencial de 2010.

Quem anunciou ontem que está deixando o PT foi o deputado federal André Costa (RJ). Ele saiu disparando contra o partido: "O modelo adotado pelo PT foi a política econômica neoliberal e conservadora, a política social assistencialista e a política ambiental espúria", disse. Como André, pelo menos mais duas dezenas de deputados de esquerda estão dispostos a abandonar o PT. Mas eles pretendem esperar o resultado das eleições internas do partido marcadas para meados de setembro, para ver quais são os novos rumos que a agremiação vai tomar.

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