Patinho feio, mas funcional

O patinho feio da Fiat cumpre bem o seu papel. É espaçoso e funcional. Mas não venha me falar que o Doblò é bonito. Dá pra dizer que ele tem um estilo marcante. Em uma semana de avaliação, deu pra perceber que a sua disposição é mesmo familiar. Pelo menos na versão que passou pela minha mão, uma ELX 1.8.

O espaço interno é seu grande trunfo. Neste quesito, o furgãozinho dá show. Tem 1,80 de altura e mais de 4 metros de cumprimento. Isso facilita bastante a vida do pai de família, que normalmente carrega aquele monte de tralha. No meu caso, cadeirinha de bebê, mala e carrinho. Uma beleza! E a mãe ainda vai com todo o conforto ao lado.

Outra boa sacada da Fiat foi instalar portas corrediças dos dois lados da carroceria. Considerando que as portas traseiras abrem por completo, desde o pára-choque, dá pra dizer que entra-se ou carrega-se tudo nele sem a menor dificuldade. Atrás ainda ficam dois bancos que, abertos, levam mais dois passageiros.

A posição de dirigir é diferente. O motorista fica mais alto e tem ótima visão, já que o Doblò conta com amplo pára-brisa e vidros laterais bem grandes. Agora, olhar pra trás é um tormento. Os vidros das portas traseiras são pequenos e a lataria deixa vários pontos cegos. O problema é amenizado pelo sensor de estacionamento, equipamento opcional presente no modelo testado.

Chama a atenção a posição do câmbio. Instalado no meio do console, a uma altura de agradável manuseio, tem engates firmes, até demais. Sente-se um pequeno tranco ao mudar da primeira para a segunda marcha.

São vários porta-trecos, espalhados por todo o habitáculo. O maior deles fica no teto. Dá pra carregar ali até uma pequena valise.

De design irreverente, o painel agrada. É de fácil leitura. No centro do quadro de instrumentos fica o mostrador do computador de bordo, que oferece leitura de consumo médio, velocidade média, tempo de percurso e autonomia. Outro recurso bastante útil num carro dessa categoria é a regulagem de altura dos faróis, elétrica no Doblò , com indicação digital no painel do índice regulado.

Completam o pacote de conveniência, ar-condicionado, trio elétrico e direção hidráulica, itens de série na versão ELX. ABS, airbag duplo, bancos traseiros suplementares, faróis de neblina, porta deslizante do lado do motorista, CD player, regulagem elétrica dos faróis e rodas de liga leve estão entre os principais opcionais.

Se você leu até aqui e se entusiasmou com o carro, certamente é casado, tem um ou dois filhos e um cachorro de estimação. Neste caso, o Doblò cai como uma luva pra você. Custa a partir de R$ 39.800,00. Completo, sai por R$ 47.824,00.

Olho clínico

Já diz a lenda: carro familiar não tem bom desempenho. A recíproca nem sempre é verdadeira, mas no Doblò parece que foi levada a sério pela Fiat. O furgão não parece que tem um motor 1.8. Os 103 cavalos parecem estar sempre dormindo. Em certos momentos, tinha a impressão que estava dirigindo um carro 1.0. Aliás, numa dessas saídas de lombada, onde o motor é exigido pra retomada de velocidade, um Palio 1.0 chegou a pedir passagem. E olha que eu saí em segunda marcha!

Por coincidência, dias depois dirigi uma picape Montana, da GM, que usa o mesmo motor, só que com a tecnologia flexpower. Foi aí que tive a certeza: o Doblò realmente não desenvolve como um 1.8 normal, mesmo tendo 17 kgfm de torque a 2.800 rpm.

Para resolver este problema, a Fiat deveria utilizar uma relação de diferencial mais adequada ao peso do carro (1.300 quilos) e talvez um câmbio com a segunda e terceira marchas mais curtas, tornando a condução mais agradável.

Os botões de acionamento dos vidros poderiam ser melhor localizados. Eles estão instalados no centro do console, num conjunto onde também se liga o alerta e os faróis de neblina. Levantar e baixar os vidros com o carro em movimento custa o desvio de atenção do trânsito.

Ficha técnica

Motor: 1.8

, transversal, 4 cilindros em linha, 8 válvulas, com injeção eletrônica MPI seqüencial

Tração:

dianteira

Taxa de compressão:

9,4:1

Potência máxima (ABNT):

103 cv a 5.400 rpm

Torque máximo (ABNT):

17 kgmf a 2.800 rpm

Rodas:

liga leve

Pneus:

175/70 R 14

Suspensão dianteira:

McPherson independente e barra estabilizadora

Suspensão traseira:

eixo rígido, molas semi-elípticas e barra estabilizadora

Freios:

disco ventilado na dianteira e tambor na traseira, servo assistido.

Direção:

hidráulica, com pinhão e cremalheira

Câmbio:

5 marchas a frente e ré

Tanque de combustível:

60 litros

Porta malas:

750 litros

Entre eixos:

2.566 mm

Comprimento:

4.159 mm

Altura:

1.897 mm

Largura com retrovisores:

1.762 mm

Aceleração 0 a 100 km/h:

12,4 s

Velocidade máxima:

161 km/h

Consumo:

n/d

Carga útil:

545 kg

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