Ata do Copom mantém suspense no cenário do juro

A ata da última reunião do Copom não foi capaz de oferecer uma direção mais segura para as apostas sobre qual será o próximo movimento na Selic em 23 de janeiro. Embora praticamente todos analistas considerem que a "porta foi deixada aberta" para a manutenção dos cortes de 0,50 ponto percentual, o documento não foi capaz de a alterar a avaliação daqueles que prevêem uma redução no ritmo do relaxamento monetário, para 0,25 ponto percentual. Ou seja, salvo grandes surpresas nos indicadores inflacionários e de atividade que serão divulgados nas próximas semanas, a próxima reunião do Copom deverá gerar novamente algum suspense nos mercados financeiros.

O economista sênior do banco Dresdner Kleinwort (DKIB), Nuno Camara, manteve sua aposta de um corte de 0,25 ponto percentual na Selic em janeiro. "Na nossa opinião, o balanço de riscos entre a inflação e a expansão econômica em janeiro deverá exigir uma estratégia mais conservadora", disse. "Em outras palavras, o fim das surpresas positivas na inflação é provável nos próximos meses e o crescimento deverá ganhar mais força." Segundo ele, será muito difícil se argumentar por um novo corte de 50 pontos-base em janeiro, especialmente "se o BC sabe que uma estratégia mais parcimoniosa estenderia o ciclo de relaxamento monetário por um período muito mais longo".

Para o economista Paulo Leme, do banco Goldman Sachs, a ata foi levemente mais conservadora do que a anterior. "A nossa interpretação é que a probabilidade maior é que o Copom vai reduzir o ritmo de cortes das Selic para 0,25 ponto percentual por reunião", disse Leme. Segundo ele, os integrantes do Copom, no geral, concordam que o balanço de riscos justifica a redução da intensidade nos cortes, apesar da maioria ter avaliado que a última reunião ainda não era o momento apropriado para isso. "Portanto, concluímos que a probabilidade de que o Copom vai reduzir a intensidade dos cortes a partir de janeiro é muito alta", afirmou.

O economista-chefe do banco ING para o Brasil, Pedro Jobim, avalia que a ata deixou os próximos movimentos na Selic totalmente dependentes dos futuros indicadores. "Um corte de 0 25 ponto percentual na Selic em janeiro está longe de ser uma certeza", disse Jobim.

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