Argentina volta a importar energia elétrica do Brasil

A Argentina voltou a importar energia elétrica do Brasil. De acordo com a secretaria de Energia da Argentina, desde ontem o país vizinho está importando 300 megawatts por hora. Fontes do setor informaram que o sistema opera no limite de sua capacidade de geração. Mas o governo argentino diz que a decisão foi tomada "para evitar problemas, como a interrupção do serviço de fornecimento em algumas zonas". A demanda por energia aumentou por causa das baixas temperaturas registradas nos últimos dias.

Ontem à noite, quando os termômetros marcaram zero grau, o consumo de energia atingiu o maior nível de 2006 e chegou a 17.400 megawatts/hora. Os analistas e empresários do setor alertam que a Argentina está à beira de uma nova crise energética. A última vez que a Argentina comprou energia do Brasil foi em maio desse ano, quando a temperatura caiu e a demanda de aquecedores aumentou durante alguns dias. Na ocasião, o Brasil exportou 200 megawatts por hora. Em 2005, a importação argentina foi bem maior, atingindo 500 megawatts/hora.

O ministro de Planejamento, Julio De Vido, disse ontem à imprensa local, em solenidade na Casa Rosada, que o "sistema está sendo exigido, mas está atendendo bem". Porém, desde o início do ano, o ministro tem pressionado as companhias petrolíferas para aumentar a produção de gás e de petróleo, visando incrementar a oferta de energia no país. Ele também tem estimulado os empresários a investir mais na produção energética. O Indicador Sintético de Energia, elaborado pelo Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec), mostra que a produção do gás caiu 7,3% em junho ante o mesmo mês de 2005.

Um empresário do setor, que não quis se identificar, disse hoje que, para manter o fornecimento de gás residencial, as companhias têm que realizar cortes aos clientes que possuem contratos de maior volume. "Os envios para o Chile também têm sido reduzidos", afirmou o empresário, que evitou citar números. Os dois países vivem um conflito há um mês em torno do contrato de fornecimento de gás.

A presidente do Chile, Michelle Bachelet, acusa seu colega, Néstor Kirchner, "de ter dito uma coisa e feito outra". Segundo ela, o presidente argentino prometeu um aumento do gás para US$ 4 o milhão de BTU, mas o contrato apresentado ao governo do Chile foi de US$ 4,5.

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