Aqui ninguém põe a mão

A informação de que alguns integrantes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) estariam se abrigando no Paraná merece todas as atenções das autoridades estaduais. Não que os revolucionários tentem alguma coisa contra o patrimônio público ou privado, mas nunca é demais deixar claro que quem manda aqui é o povo do próprio Paraná e seus representantes. Além do mais, a suposta ligação entre os “revolucionários” e pessoas ligadas ao grupo terrorista Al-Qaeda (pronuncia-se ca-e-da) por si só já deveria pôr em alerta toda a população.

Deixá-los fazer do Brasil passagem para a Europa ou simplesmente abrigá-los é o mesmo que endossar seus atos e atitudes. É se confessar cúmplices e deixar o País à margem de suas conveniências, podendo até se transformar numa nova Colômbia, Venezuela e até mesmo um novo Rio de Janeiro. O Brasil está lutando para mudar sua imagem perante o mundo e não pode deixar que alguns estrangeiros estraguem esse esforço todo. O mesmo vale para a tríplice fronteira. Apesar dos exageros do noticiário norte-americano, é melhor ficar atento do que ser surpreendido por ações que possam pôr em risco a integridade dos moradores e trabalhadores daquela região.

É bem verdade que as Farc não costumam atuar fora de seu país e nem representam a encarnação do mal como os governos da Colômbia e EUA não se cansam de propagar. Mas, saber da existência de uma fazenda com estrutura para treinamento terrorista é mais do que um bom motivo para alerta máximo. O Paraná é um estado aberto a vários povos e culturas e não está imune a atentados. Ainda mais numa época conturbada pelos conflitos étnicos e na iminência de uma guerra no Golfo Pérsico. Aumentar a vigilância para evitar o pior é mais do que necessário, é um investimento para a manutenção da paz.

E isso não vale apenas para supostos grupos terroristas. Vale também para as nossas cidades. Se formos somar todas as mortes provocadas por queima de arquivo ou pura vingança nas nossas periferias veremos que também estamos em guerra. E contra nós mesmos. Ninguém mais se sente seguro andando em determinadas ruas. A percepção de que seremos assaltados apavora a maioria das pessoas, por já ter passado pelo constrangimento de perder alguém ou alguma coisa e até por saber que parentes e amigos estão cada vez mais na mira da bandidagem.

Um terrorismo doméstico, onde vivemos confinados dentro de casa, nos preparando para o pior. Deveria ser o contrário. A polícia deveria se preparar para se antecipar aos criminosos. No entanto, é cada vez mais raro se ver uma viatura nas ruas e quem pode apela para a vigilância privada. Pobres dos que não podem sustentar esse luxo. Por isso, o governador Roberto Requião precisa agilizar a promessa de limpar a polícia da banda podre e pôr seu bloco na rua para mostrar quem é que manda. O povo paranaense ou os terroristas e a bandidagem em geral.

Rodrigo Sell

(esportes@parana-online.com.br) é repórter de Esportes em O Estado.

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