A dona da Casa

Não anda em boas condições o achômetro das editorias políticas, coincidentes na versão da maioria dos jornais de que a nova ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, haveria de imprimir ao setor um papel mais técnico e gerencial. Ao assumir a função, a própria ministra afirmou que não há como dissociar a prática de coordenação política das tarefas que tem a desempenhar.

A camarada de armas, conforme lembrança do ex-ministro José Dirceu em referência, senão infeliz, inteiramente inadequada para a ocasião, melhor indicada para evitar ilações não alinhadas à necessidade de pacificação e concórdia, não apenas não se deixou impressionar, como ficou à vontade para expressar de modo singelo a disposição de enfrentar o desafio.

O trabalho até aqui desenvolvido pela então ministra de Minas e Energia, cujo objetivo era dimensionar o novo modelo energético nacional para afastar, de vez, as ameaças de apagão, foi um dos pontos altos do governo Lula.

Apesar das dificuldades inerentes a um setor de gradativa sofisticação tecnológica e elevados investimentos, ademais dos óbices naturais impostos pela necessidade de preservar o meio ambiente, sempre que se projeta a construção de usinas hidrelétricas ou que utilizem outras fontes geradoras de eletricidade, o Ministério de Minas e Energia logrou avançar na implantação de seu projeto.

O sucessor interino da ministra, engenheiro elétrico Maurício Tolmasquim, homem de perfil essencialmente técnico que marcou presença pelo descortino das análises que propagou no período do racionamento, se efetivado, tem credenciais para dar prosseguimento aos planos, já que atuou ao lado de Dilma Rousseff como secretário executivo do MME.

A escolha do presidente Lula foi bem recebida. Mesmo os que a aplaudiram com as reservas de praxe, estão convictos que o governo carece de proficiente cadeia de apoios, não só na forma de retóricos pronunciamentos, mas de atitudes concretas.

Uma CPMI está em curso para investigar denúncias de corrupção em estatais e já se prevê a instalação de outra para tratar do mensalão. A base de sustentação política requer atenção especial, assim como as reformas institucionais até aqui cozinhadas em fogo brando. O presidente está sobre o fio da navalha.

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