“Um cantinho e você/ Uma rede e o luar/ Uma vela a correr/ Num pedaço de mar.” Esta não é uma canção de Bossa Nova, mas bem que poderia ser. Composta por José Maria de Abreu e Jair Amorim em 1948 – uma década antes, portanto, da primeira gravação do violão de João Gilberto no disco ‘Canção de Amor Demais’, de Elizeth Cardoso, com composições de Tom e Vinicius -, Um Cantinho e Você foi uma das belas músicas dos anos 30, 40, 50 e início dos 60 que Paula Morelenbaum resgatou para seu CD ‘Telecoteco – Um Sambinha Cheio de Bossa’ (Universal). O lançamento será de quinta a sábado, no Tom Jazz, em São Paulo
“Para mim, essa é a primeira canção de Bossa que existiu. Um cantinho, uma rede, o mar, nada pode ser mais Bossa que isso”, diz Paula, que considera uma “coincidência engraçada” o fato de estar lançando um disco não-bossa-novista justamente neste ano do cinqüentenário do movimento. Que ninguém pense que ela está renegando o gênero que canta há tantos anos – trabalhou com Tom de 1984 até sua morte, em 1994. Desde então, revisita a obra em seus trabalhos. “Não estou negando nada. As músicas mais lindas que conheço são do Tom.
Quando pensou no CD que faria na seqüência de ‘Berimbaum’ (2004) com novas roupagens para clássicos de Vinicius, teve a idéia de pesquisar o período pré-Bossa Nova e modernizar canções que fizeram a cabeça dos músicos e letristas de então. Com a ajuda de um historiador e depois de ouvir muitos LPs antigos, chegou às 12 faixas
Há famosas como Manhã de Carnaval (1959), de Luiz Bonfá e Antonio Maria, e Você Não Sabe Amar (1950), de Dorival Caymmi, Carlos Guinle e Hugo Lima. Outras são praticamente desconhecidas como Não Me Diga Adeus (1947), gravada por Aracy de Almeida, e Um Cantinho e Você, com Dick Farney. As informações são do Jornal da Tarde