?O título não é inocente. Não evoca, simplesmente, a questão da alteridade, da diferença, ou seja, os muçulmanos como um ?Outro?. Mais do que isto: estes são, efetivamente, ?outros muçulmanos? e não aqueles que estão sendo retratados, imaginados, construídos e inventados nos últimos anos, muitas vezes de modo preconceituoso, em especial após o 11 de setembro de 2001.?
É o comentário do autor Lorenzo Macagno, professor do PPGAS-Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da UFPR-Universidade Federal do Paraná, membro da rede de pesquisa MEL-net (Muçulmanos em Espaços Lusófonos) do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, redator associado da revista Lusotopie, do Centre d?Etudes d?Afrique Noire em Bordeaux.
Na contracapa resume-se: ?O livro é resultado de uma investigação realizada no norte de Moçambique, onde a presença do Islã foi, e continua a ser, profunda e persistente. A partir do final do século XIX, os porta-vozes desse Islã tiveram que dialogar com a administração colonial, cujo discurso oscilava entre a tolerância a certos ‘usos e costumes? praticados pelos chamados ?indígenas? e sua ?assimilação? aos valores culturais portugueses?. O autor analisa as conseqüências contemporâneas desse diálogo.
Em Outros muçulmanos: Islão e narrativas coloniais, ?o leitor vislumbra a complexidade ‘caleidoscópica? (e, portanto, sempre mutável) do Islã em Moçambique?, destacou o antropólogo.
Zélia Maria Bonamigo é jornalista, mestre em antropologia pela UFPR, membro do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná.
zeliabonamigo@uol.com.br