Após a exibição do espetáculo SoPPa de letra, encenado no mês de abril por Pedro Paulo Rangel, o Teatro da UnicenP recebe entre hoje e domingo a peça Adivinhe quem vem para rezar, com Paulo Autran e Cláudio Fontana. O espetáculo estreou em agosto de 2005, em São Paulo, e inicia a turnê pelo sul do Brasil hoje. Com texto do editor do caderno Espaço 2, do jornal O Estado de São Paulo, Dib Carneiro, em seu primeiro trabalho para teatro, a peça trata de um tema intrigante: a dificuldade que os homens têm em se abrir, principalmente pais e filhos. A peça conta com direção de Elias Andreato, que já havia trabalhado com Autran em Visitando o Sr. Green.
O universo masculino visto com sensibilidade, talvez feminino demais para o machismo costumeiro em que as pessoas são educadas, se torna um desafio e uma lição de vida para o público. Segundo o ator Cláudio Fontana, que interpreta o personagem do filho, é muito difícil um filho olhar nos olhos do pai e dizer que o ama. ?Como o personagem do filho tem com o pai uma conversa que deveria ter tido há muito tempo, muitas revelações emocionam e enfocam a relação masculina?, diz.
No território cômico e dramático, o espetáculo alterna momentos de clima pesado e tiradas engraçadas proporcionadas por Autran, aos 83 anos. A cena se desenvolve em uma missa de sétimo dia. Paulo Autran interpreta o pai, um ex-sócio e possível amante da mãe e também um padre. Em um primeiro momento, a missa é realizada com a morte do pai e o filho encontrando o ex-sócio, de quem tinha desconfianças de traição com sua mãe. Na seqüência, a peça impressiona com a reviravolta da realidade. De repente o filho se vê conversando com o pai na missa de sétimo dia do ex-sócio.
?O filho fica atordoado com as revelações da conversa e uma nova verdade vem à tona. Nesse momento o público percebe a importância de nunca deixar para depois o que se pode fazer antes?, observa Fontana. Os personagens de Autran estabelecem o diálogo emotivo e também dão a pitada cômica para Adivinhe quem vem para rezar. Principalmente o padre de sotaque italiano, e o pai, que em várias oportunidades demonstra ser mais moderno que o filho.
O acerto de contas entre dois homens de poucas palavras, apesar de adulto, por vezes parece infantil. Na platéia fica a expectativa que o público reflita sobre a necessidade de se conversar. A seqüência da peça se desenvolve fora da realidade, centrada nos personagens e em seus diálogos. ?Os homens têm essa resistência em discutir relações, o que cria uma dificuldade em se abrir uns com os outros?, diz Fontana. Dib Carneiro teve a idéia para a peça após os rituais fúnebres da morte de seu pai.
Serviço:
Espetáculo Adivinhe quem vem para rezar, com Paulo Autran e Cláudio Fontana, no Teatro UnicenP (Rua Pedro Viriato Parigot de Souza, 5300 Campo Comprido). Exibição de quinta a sábado às 21h e domingo às 20h. Ingressos a R$45 (5.ª e domingo) e R$50 (sexta e sábado). Estacionamento gratuito. Mais informações: (41) 3317-3000.