Livro traz dicas de navegação terrestre

Difícil quem ainda não esteve à procura de um endereço, mesmo em sua cidade, e teve dificuldade de achá-lo e pensou: ?Estou perdido!?. A situação é embaraçosa, mas se até o experiente alpinista Waldemar Niclevicz já admitiu estar pedido em um local, onde havia marcado o caminho, então, ?nem tudo está perdido?. Mas o que fazer quando isso acontece?

O livro Fundamentos de Orientação, Cartografia e Navegação Terrestre, do professor da unidade de Curitiba do Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná (Cefet-PR), Raul Friedmann, que será lançado amanhã, às 20h, no miniauditório da unidade do Cefet em Curitiba, recomenda que se coloque em prática o Esaon. Trata-se de um método que costuma ser inicialmente apresentado nas instruções e treinamentos de orientação e sobrevivência do Exército Brasileiro.

Ao contrário do que se possa pensar, o sistema é composto de dicas práticas e simples que podem ajudar na localização. O ?E? significa simplesmente ?estacione?, o ?S? ?sente-se?, o ?A? ?alimente-se?, o ?O? ?oriente-se? e o ?N? ?navegue?. ?Pode parecer simples ou genérico demais, mas comprovadamente o Esaon funciona bem, porque é um roteiro organizado e fácil a seguir?, avalia Friedmann, lembrando que as pessoas têm, em geral, noções de orientação, navegação e cartografia, já que as usam no dia-a-dia para andar nas cidades ou se deslocar entre elas.

No livro, publicado pela Pro Books Editora, de Curitiba, em co-edição com a Editora Cefet-PR, esses fundamentos são abordados de maneira didática e bem-humorada. As exatas quatrocentas páginas tratam desde noções básicas de processos rudimentares, como o uso de bússolas e avaliação de distâncias pela contagem de passos, até conhecimentos atualizados sobre recursos mais avançados da tecnologia, entre eles receptores GPS tipo navegador pessoal (equipamento que indica ao usuário sua posição na superfície terrestre com uma margem de erro típica de até 15 metros) e Sistema Navstar GPS e softwares de navegação.

De olho na natureza

A obra é destinada a um público tão amplo quanto os assuntos nela contidos. ?A visão e os conhecimentos interessam a navegadores civis e militares, passando por atletas de orientação e de corridas de aventura, aventureiros, excursionistas – inclusive fotógrafos, jipeiros, caçadores, pescadores e outros mentirosos?, diverte-se o autor, que declara estar incluído nessas categorias.

Engenheiro pelo Cefet-PR e oficial da Arma de Artilharia do Exército Brasileiro, Friedmann escreveu o livro durante três anos e meio, com intuito de ensinar e compartilhar conhecimentos sobre os temas do título. Como motivo para elaborar a obra, além do desejo de aventura e fascínio pela natureza, ele aponta o aumento, nas últimas décadas, da demanda por produtos cartográficos, sistemas de informação geográfica e por equipamentos capazes de fornecer informações cada vez mais precisas sobre posicionamento em tempo real.

Essa sua aventura literária começou mesmo há quatro anos, quando, convidado por seu amigo Renato Serafin a ministrar aulas de orientação para escoteiros e desbravadores, escreveu uma apostila sobre noções de orientação e navegação. A partir dessa experiência, Friedmann motivou-se a escrever, segundo colocou no prefácio, ?o livro no qual gostaria de ter aprendido esses assuntos?.

Revisão técnica

Além do cuidado com a amplitude dos assuntos e com a linguagem acessível, o autor teve a preocupação de contar com dez experts em áreas correlatas para fazer a revisão técnica do livro. Entre eles, o general-de-brigada José Calasans de Carvalho, do Exército Brasileiro; o engenheiro cartógrafo Fernando Dias Pereira, da empresa Esteio Engenharia e Aerolevantamentos, e o famoso alpinista Waldemar Niclevicz, que aceitaram o convite e o desafio, tendo comentado o livro na nota dos revisores técnicos.

Como depoimento real, Niclevicz conta a sua escalada à velha tumba Inca, no cume da montanha El Muerto, no Chile, e a importância de ter instrumentos e habilidades de navegação, quando se deseja retornar ao local de partida. A obra está sendo apresentada pelo ministro da Defesa, embaixador José Viegas Filho.

Livro originou uma disciplina

O livro Fundamentos de Orientação, Cartografia e Navegação Terrestre originou a disciplina homônima, ofertada, em 2002, como optativa nos cursos de engenharia do Cefet-PR. As aulas, em sua maioria, são práticas e ministradas fora da instituição. Em lugares, como o aquartelamento do 5.º Grupo de Artilharia de Campanha Autopropulsado (GAC-AP), mais conhecido na cidade como ?quartel do Boqueirão?), são praticados mapeamento básico com receptores GPS; pistas e corridas de orientação, análise e interpretação de fotografias aéreas, imagens orbitais, cartas topográficas e mapas diversos.

A cada semestre, os navegadores exploram destinos mais variados ou distantes. O professor Raul Friedmann e seus alunos já navegaram pelo Parque Nacional da Serra Geral, na fronteira entre os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, onde estão localizados os cânions da Fortaleza, Malacara, Três Irmãos, Churriado, Rio da Pedra, entre outros. Também fizeram uma caminhada de cerca de 100 km, partindo do Cânion da Fortaleza com destino a Serra do Rio do Rastro.

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