Terceira divisão é um balcão de negócios

A falta de pretensões em um torneio recheado de times de empresários marca a 3ª divisão do Paranaense 2010. Ao apresentar seus clubes – literalmente seus – para o torneio que começa hoje, a fala de cartolas deixa claro: uma boa venda vale mais que a vitória.

Ao todo são 11 clubes inscritos para a disputa – dois da região metropolitana de Curitiba. Andraus e Grecal, sediados em Campo Largo, fazem parte de um cenário em que o próprio título do torneio se tornou mera formalidade.

“Estamos com apenas 16 jogadores inscritos para a estreia. Alguns foram negociados recentemente e outros estão por ser regularizados”, disse o treinador do Andraus, Sérgio Rosa, que completa em tom de comemoração: “Se outros forem negociados, melhor ainda. Ganho um percentual quando um jogador vai para outro time”.

Antes mesmo de a 3ª divisão começar, times conhecidos no ramo da venda de jogadores, como PSTC, Júnior Team e Matsubara, indicavam que a participação era exclusivamente por obrigação imposta pela Federação Paranaense de Futebol.

Existem também aqueles que não sabem se terão cacife para colocar o time em campo. É o caso do Tigrão de Umuarama. Por conta do prejuízo em um amistoso contra o Coritiba, com presença do ex-corintiano Viola no time interiorano, o presidente pediu pra sair e o clube passou a ser tocado interinamente por desportistas da cidade. Caso parecido vive o Colorado, que ainda busca um entendimento com a prefeitura da cidade do extremo norte do Paraná.

No grupo dos ‘empolgados’, pelo menos quatro dão as caras. Dois são Grêmios de Maringá -GEM e Metropolitano – e entraram na Terceirona somente para demarcar território na Cidade Canção.

“É difícil ver neles um projeto a longo prazo”, disse Carlos Cardoso, colecionador de artigos do antigo Galo maringaense. “Esses dois aí são invenções recentes”, completa.

O outro motivado é o novo Iguaçu, que surgiu para substituir o antigo homônimo de União da Vitória, impedido pela federação de disputar a 2ª divisão, por atraso dos dirigentes em um dos arbitrais da competição.

“Trouxemos a base do Ypiranga de Erechim, que disputou o Gauchão. Nossa intenção é realmente subir e mostrar nosso valor”, disse o presidente do clube, Odenir Borges, que, apesar da empolgação, ainda terá pela frente a dura missão de agilizar a parte burocrática de seu estádio, interditado pela federação.

Quem completa a lista é o Cambé, do presidente Amarildo Vieira. “Pode não ser o melhor torneio do mundo para os torcedores. Mas vamos disputar pra chegar junto. E, quem sabe, revelar um novo Fernandinho, que saiu do trabalho de formação do nosso grupo de empresários”, finaliza.