STJD pune São Caetano com perda de 24 pontos

Colaboração de Domingos Moro

O São Caetano foi punido com a perda de 24 pontos, no julgamento da 1.ª Comissão Disciplinar do STJD, na CBF, por 4 a 0, nesta madrugada, por causa da escalação do zagueiro Serginho em quatro partidas do Campeonato Brasileiro. Com a decisão, o clube passou para a 14.ª posição na tabela, abaixo do Paraná, e está fora da briga pela Copa Libertadores ou Sul-Americana. O julgamento só terminou por volta das 2h10, após sete horas de sessão.

Por sua vez, o médico do clube, Paulo Forte, foi condenado a 1.440 dias de suspensão, ao passo que o presidente Nairo Ferreira de Souza levou 720 dias. O clube ainda recebeu uma multa de R$ 50 mil, convertidos em benefício para a viúva e o filho do jogador.

O médico Paulo Forte reiterou que não sabia do estado crítico do zagueiro Serginho e que sua situação como paciente dizia respeito ao Incor. Ele se defendeu afirmando que não teve acesso ao prontuário sobre o estado do jogador, morto no dia 27 de outubro, no jogo contra o São Paulo, no Morumbi.

Segundo Paulo Forte, o cardiologista do Incor, Edimar Bocchi, que realizou testes ergométricos nos atletas do São Caetano em fevereiro deste ano, alertou para o fato de Serginho possuir "coração de atleta", uma arritmia considerada insignificante. "Ele me disse que o Serginho tinha um coração de atleta e, portanto, só precisava evitar substâncias como a cafeína, por exemplo."

Além dele e o presidente, foram ouvidas três testemunhas, inclusive o ex-paranista Lúcio Flávio, mas nenhum convenceu os juízes. Outro foi o médico Joaquim Grava, ex-seleção brasileira, que irritou os auditores, além de cair em contradição. Ele afirmou que, sabendo do problema, não escalaria Serginho. Mas disse que teria escalado Ronaldo, no caso do jogo antes de Brasil x França, pela Copa do Mundo de 98.

O São Caetano agora tem 72 horas para recorrer da decisão no pleno do Superior Tribunal, em julgamento marcado para a semana que vem.

Delegado ouve médico

O delegado Guaracy Moreira Filho, do 34.º DP, retoma hoje o inquérito sobre a morte de Serginho e inicia nova fase de depoimentos. Um dos ouvidos será o cardiologista Edimar Bocchi, responsável pelos exames do jogador no Incor. Bocchi prestou depoimento afirmando ter alertado diversas vezes o jogador e o médico do São Caetano, Paulo Forte, sobre o risco de morte. No dia 30, porém, Bocchi assinou nota conjunta com Forte atribuindo a morte à uma fatalidade. Ontem, o cardiologista deu novas explicações. "Em nenhum momento a declaração desmente ou desqualifica tudo o que foi dito em depoimento. A declaração é um esclarecimento, mas de interpretação das possíveis causas que mataram o jogador", diz Bocchi.

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