Renato desafia Timão e arma contra-ataque

Renato Gaúcho pediu para o Corinthians atacar o Fluminense. “Venham pra cima”, disse, depois do último treino do time carioca, ontem, no CT do São Paulo. Não foi uma provocação. A tática do técnico é atrair o adversário e explorar os contra-ataques com Roni, Romário e Magno Alves e garantir a classificação à final do Brasileiro.

O técnico tricolor não confirmou que usará essa estratégia com três atacantes, amanhã, no Morumbi, mas lembrou que o momento também é de ousadia. “Tenho três esquemas táticos. Meia hora antes do jogo, anuncio o time. Posso jogar com três zagueiros, três atacantes ou no 3-5-2 ou ainda no 4-3-3. O que eu quero mesmo é a torcida do Corinthians empurrando o time. Eles jogam em casa, precisam da vitória. Que venham para cima de nós”.

Irreverente como nos tempos de “Rei do Rio”, época em que era famoso jogando bola e um contumaz das noites cariocas, Renato garantiu que não estava provocando o inimigo. Não quis também polêmica com jogadores corintianos. “Alguns disseram que o Corinthians apenas adiou a classificação depois de perder no Maracanã. Tudo bem, não quero entrar no mérito, mas o São Paulo falou a mesma coisa depois da primeira derrota para o Santos e Deu no que deu”, cutucou Renato, talvez sem perceber que estava no CT do São Paulo.

A preocupação do treinador nem foi responder aos inimigos. “Respeito o Corinthians, admiro seu treinador, é um mestre. O que estou pedindo é atenção total aos meus jogadores. Sem a posse de bola, marcação forte. Com a posse, temos de ser ousados”. Renato não quer ousadia apenas no jogo. Aliás, o comportamento do seu time e comissão técnica já sugere irreverência.

“Reimário”

O jogador Romário continua recebendo tratamento diferenciado. Não treina com o grupo e só aparece na véspera da partida. Ontem, ele desembarcaria numa dos últimos vôos Rio-São Paulo. Assessores do Fluminense disseram que o artilheiro seria recebido por volta das 22h no hotel em que o time está concentrado. “O Baixinho está com 36 anos, tem todo o direito a essa regalia. Não precisa se expor. Ele treina sozinho na praia”, defende Renato Gaúcho.

O treinador, parece, não erra quando concede privilégios a Romário. O artilheiro responde com gols. Já marcou 16 no Campeonato Brasileiro, três a menos que o artilheiro Luís Fabiano, do São Paulo. Contra o Corinthians, os números são fabulosos: 16 gols em 15 partidas.

Com um cartel como esse, Renato Gaúcho não quer incomodar Romário. Aliás, estava programada uma reunião, por volta das 22h30, entre ele, o jogador e o auxiliar-técnico Ricardo Rocha na concentração do Fluminense. É a “resenha do Baixinho”, como dizem os jornalistas cariocas acostumados ao dia-a-dia do clube das Laranjeiras. Muitas vezes, nessas resenhas com Romário, Renato Gaúcho decidiu o esquema tático do time.

Beto, amuleto para o Flu

Para conseguir pelo menos um empate contra o Corin-thians e conseqüentemente a vaga para a final do campeonato, o Fluminense conta com um importante trunfo: o retorno do meia Beto para o meio-de-campo – que no último jogo, no Maracanã, cumpriu suspensão automática – mas em sete partidas contra o time paulista venceu todas. “O retrospecto é ótimo e até me deixa mais motivado, mas sei que a decisão é dentro de campo e respeito muito o time do Corinthians”, diz Beto, que ainda acredita que o adversário de hoje lhe dê sorte. “Não sou supersticioso, mas me dou bem contra o Corinthians.”

Para o jogador, quem também está tendo um pouco de sorte é o Fluminense, que no último domingo viu o atacante corintiano Guilherme escorregar na cobrança do pênalti. “Realmente estamos com um pouco de sorte, mas ela só aparece para quem trabalha.”

Futuro

“Agora só estou pensando nas finais do Brasileiro. Meu futuro decido depois.”

E nem que o Fluminense consiga uma vaga na Libertadores o meia garante que permanece nas Laranjeiras. “A classificação seria um motivo a mais para conversar sobre a renovação. Mas é preciso analisar todas as propostas”, considera o meia, que não acredita que sua andança por vários clubes tenha prejudicado sua carreira na seleção. “Acho muito importante jogar em diferentes clubes e deixar sempre uma boa impressão e as portas abertas. Graças a Deus isso vem acontecendo comigo. Se vencermos o Corinthians, minha contratação e a do Romário, que foram muito badaladas, serão recompensadas.”

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