Presidente da FIA ameaça renunciar

Magny-Cours – Pode ser uma jogada política, mas também pode ser que Max Mosley tenha se cansado de dar murro em ponta de faca. O fato é que ontem de manhã o autódromo de Magny-Cours, que recebe domingo a 10.º etapa do Mundial de Fórmula 1, despertou com uma bomba descrita em uma linha e meia num comunicado tão lacônico quanto surpreendente: o presidente da Federação Internacional de Automobilismo (FIA) informando que em outubro renuncia ao cargo.

Max, advogado inglês que comanda o automobilismo mundial desde 1993, tem mandato até outubro de 2005. A renúncia pegou todos de calças curtas porque não há sucessor em vista. Mosley, há alguns meses, vem dizendo que Jean Todt, diretor da Ferrari, seria o nome ideal para assumir o comando da entidade. Mas o francês acaba de ser designado como manda-chuva da montadora italiana, incluindo a equipe de F-1 e a fábrica de carros, já que o presidente Luca di Montezemolo passou a acumular, entre outras presidências, a da Fiat.

O dirigente dá uma entrevista hoje em Magny-Cours, às 11h de Brasília, para explicar suas razões. Ele deve apontar como principal delas a intransigência das equipes, que barram todas suas tentativas de mexer no regulamento da F-1 para reduzir custos, aumentar a competitividade e diminuir a velocidade dos carros.

A última derrota de Max foi a negativa à mudança no formato dos treinos de classificação. Estava tudo certo para, a partir de Silverstone, os grids serem definidos num treino de duas metades de 25 minutos, com os pilotos podendo completar seis voltas em cada parte. Valeria a soma de tempos para determinar as posições de largada. Na última hora, três equipes vetaram: BAR, Jordan e Minardi. E as sessões de voltas lançadas vão perdurar até o final do ano, pelo menos.

Mosley também lançara há dois meses um pacotão de sugestões para 2008 que previa, entre outras coisas, a adoção de motores V8, o fim da eletrônica e a padronização de vários componentes dos carros, além da possibilidade de venda de chassis, motores e outros equipamentos entre os times, para atrair pelo menos mais duas escuderias para o campeonato.

Quando reuniu as equipes para discutir o pacotão, saiu otimista achando que as mudanças poderiam entrar em vigor em 2006. Mas, pouco a pouco, elas foram sendo vetadas pelos times grandes e por fabricantes de motores como a BMW. O pacotão murchou.

Anteontem a FIA divulgou um estudo que mostra que os tempos de voltas em alguns circuitos vêm caindo perigosamente nos últimos anos. O Conselho Mundial decidiu que o Grupo de Trabalhos Técnicos da F-1 deve apresentar até outubro medidas para reduzir a velocidade, que entrarão em vigor em 2005. Mas já há resistências. Max pode estar apenas de saco cheio. Mas pode também estar jogando, ameaçando tirar o time de campo para que as equipes peçam que ele fique, dando carta branca para as mudanças. Resta saber quem ganha o braço-de-ferro.

Villeneuve em Silverstone

Magny-Cours

– Marc Gené está escalado para correr domingo em Magny-Cours, mas seu futuro a Frank Williams pertence. O seu e o de um punhado de pilotos. O dono da equipe inglesa assumiu a posição de não revelar planos com prazo de validade superior a um GP. Segundo fontes na equipe, o substituto de Ralf Schumacher até o fim do ano será escolhido corrida a corrida.

Mas já há uma possibilidade forte de Jacques Villeneuve assumir o carro da equipe a partir do GP da Alemanha. De acordo com a imprensa italiana, o canadense fará quatro dias de testes em Jerez, de 13 a 16 de julho, logo após o GP da Inglaterra. A equipe não confirma.

Ralf ficará no mínimo três meses parado, depois de constatadas fraturas em duas vértebras após o acidente que sofreu em Indianápolis. Se voltar a correr este ano, o fará apenas nas três últimas etapas do Mundial (China, Japão e Brasil). Ele já acertou com a Toyota para 2005 e isso pode fazer com que nem volte mais à Williams.

Villeneuve teria condicionado sua participação como tapa-buraco a um contrato para o ano que vem. O que é certo é que em Silverstone, no dia 11, o substituto de Ralf será um dos pilotos de testes da Williams ? o próprio Gené ou o brasileiro Antonio Pizzonia.

Outra frente de negociação aberta pela Williams vai na direção de Mark Webber, um dos mais fortes candidatos para substituir Juan Pablo Montoya, que na próxima temporada correrá na McLaren. O time estaria tentando liberá-lo da Jaguar depois do GP da Inglaterra. Se isso acontecer, a vaga do australiano pode ser preenchida por Anthony Davidson, atual piloto de testes da BAR que está bem cotado no mercado.

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