Vitória de todo mundo

Jogo em Curitiba foi uma lição de futebol sem violência

O que menos importou foi o resultado. Para quem foi à Arena ontem poderia ter acontecido qualquer coisa, inclusive o 0x0 entre Irã e Nigéria, no pior jogo da Copa do Mundo até agora. Mas o que ficou da tarde de 16 de junho de 2014 foi o que se convencionou chamar de “legado” da Copa. Não é a nova e imponente Baixada, não são as obras de urbanização na região do estádio. É sim um jeito de ver futebol que parecia esquecido por Curitiba. Um jeito mais alegre, sem raiva, com provocações mas sem violência, fazendo do futebol o que ele realmente é – um esporte, o mais espetacular de todos. A alegria de ver futebol é, desde já, o grande legado da Copa em Curitiba.

Uma festa que se viu desde a chegada das seleções e dos torcedores. Mostrando para nós que é possível conviver em paz mesmo não sendo do mesmo time, iranianos e nigerianos foram tomando conta da cidade desde o sábado. Ontem, já de manhã, o que se via era a animação de todas as nações, desde as diretamente envolvidas no jogo até os que vinham curtir o Mundial – chilenos, argentinos, canadenses, norte-americanos.

Cristian Toledo
Primeiro jogo da Copa em Curitiba foi lição de como é possível viver o futebol sem a raiva do dia a dia.

Esse clima se transportou para a Baixada, com bandeiras de vários clubes e vários países convivendo sem problemas. Todos querendo registrar a volta da Copa para Curitiba – e ontem ninguém se lembrava que quase não teve jogo por aqui. O que valia era o encontro, a união de todos em nome do futebol.

No chamado “perímetro Fifa”, os iranianos ganhavam mais apoio, mas os africanos também ganhavam adeptos. Atleticanos, coxas e paranistas se encontravam como se fosse comum dividir o mesmo espaço, como se não houvesse tanto “ódio organizado” em dias de clássico. Até mesmo as filas para entrar na Arena foram encaradas de outra forma. E o sol venceu a previsão de chuva para coroar o dia.

Quando a bola rolou, o esporte já era o vencedor.