Hugo é uma pessoa introvertida, que fala praticamente de cabeça baixa. Mas a postura tem uma explicação: o futebol já lhe mostrou o lado ruim da vida. Por isso, algumas boas atuações não o deixam empolgado. Ele sabe que o caminho da redenção é longo. "Sei que vou brilhar aqui e retribuir o investimento que o São Paulo fez em mim", diz o meia, consciente de que, para isso, ainda precisa trabalhar muito.
Os dois gols contra o Atlético Mineiro foram apenas o começo da recuperação, algo que nem ele mesmo acreditava. O jogo contra o Flamengo, neste sábado, no Maracanã, é o próximo passo para esquecer os maus momentos do começo do ano.
"Minha esposa queria voltar para Porto Alegre para ficar perto da mãe porque estava grávida e isso me atrapalhou. Eu estava sem cabeça, achei que nunca mais iria jogar no São Paulo", conta o jogador. Hugo acabou então afastado pelo presidente Juvenal Juvêncio e negociou um possível retorno ao Grêmio. Mas logo o seu filho Juan nasceu. "As coisas se acertaram, recuperei minha vontade de jogar e fiquei".
O jogador foi reintegrado antes do jogo contra o Audax Italiano, no Chile, pela Libertadores – por vontade do técnico Muricy Ramalho, que estava sem opções no elenco. Ficou inicialmente no banco, mas, nas partidas decisivas contra o Fluminense, entrou no lugar do contundido Jorge Wagner, jogou bem apesar da eliminação e virou titular.
"Mas vou continuar trabalhando porque ninguém está garantido. A concorrência é grande." Hugo quer recuperar o futebol que apresentou no Grêmio em 2006 e também no Corinthians em 2005, quando desbancou inclusive os "galácticos" da MSI Roger e Carlos Alberto. "Sei que posso jogar no mesmo nível novamente".
O meia só não quer repetir o vacilo do ano passado. Na partida contra o Paraná, no dia 1º de setembro, pelo Brasileiro, ele deu uma cusparada em Goiano e foi punido pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva com 120 dias e dois jogos de suspensão. "Errei, pedi desculpas e me arrependo… Mas isso não irá mais se repetir, ficou no passado".
Ajuda de Muricy
O técnico do São Paulo foi muito importante na recuperação do jogador. "A vida no futebol é assim mesmo: quando você está mal jogam você no lixo. Mas não deveria ser assim. O Hugo é um ótimo caráter. Resolveu seu problema particular e está jogando o que sabe", afirmou o treinador, que finaliza: "A porcentagem do jogador é maior, mas nós soubemos ter paciência".