No ataque

Criticado, presidente do Coritiba detona imprensa, conselheiros e até a torcida

"É muito fácil o Conselho, a torcida, que não entende do dia a dia, darem palpite e criticarem", atirou Bacellar. Foto: Arquivo

Com um time mais competitivo do que nas últimas temporadas, o Coritiba, neste ano, seguiu uma linha de pensamento parecida na hora de contratar seus reforços. O clube procurou trazer jogadores que, nos seus antigos clubes estavam em baixa ou vindo de lesões para, sobretudo, conseguir enquadrá-los na sua realidade financeira. São os casos agora do zagueiro Cléber Reis e do meia Rafael Longuine, apresentados oficialmente ontem pela diretoria alviverde e que não estavam sendo aproveitados pelo Santos. Mas a reação externa foi de preocupação pela pouca utilização dos dois e pela sequência de lesões de Cléber Reis.

Isto levou o presidente do Coritiba, Rogério Portugal Bacellar, nos seus últimos meses de mandato à frente do clube, a perder um pouco da calma e da paciência que sempre foram suas marcas registradas. O cartola, quando um jornalista indagou o zagueiro Cléber Reis sobre seu histórico de lesões vivido no Santos, tomou a palavra e criticou a imprensa paranaense.

“O problema é que a imprensa do Paraná procura pelo em ovo. Todo jogador que o Coritiba traz põe defeito, não existe perfeito. Podia ser o Pelé no auge, que teria defeito. Se fosse o Messi teria defeito. Perguntariam porque trouxe? Muito caro e assim. Nós trouxemos porque acreditamos no Cléber (Reis), porque acreditamos no Longuine e eles vão dar a resposta em campo”, esbravejou Bacellar.

Ainda durante a entrevista coletiva, o mandatário do Verdão, quando questionado sobre a venda precoce do zagueiro Rodrigo Guth, de 16 anos, para o Atalanta, da Itália, voltou a se irritar. Bacellar ressaltou que não tinha como segurar o jogador, criticou os “palpiteiros de plantão” e que a decisão foi tomada para o bem financeiro do clube.

“O Atalanta conversou com o Guth, com seu pai e fez a cabeça dos dois. Ele queria jogar pelo Coritiba, é torcedor, mas recebeu uma proposta da Itália e quis ir. Não existe a possibilidade de segurar um menino desses. Vamos segurar como? Sorte que ele já recebeu essa proposta. E se não dá certo aqui. Aí a torcida vai perguntar porque não vendemos”, disparou.

“Você tem que olhar o bem do clube. Isso que olhamos. A maior venda da história do Coritiba foi na minha gestão, que foi 40% do Juninho por 3 milhões de euros. Estamos com os pés no chão e pensando no Coritiba grande pagando as contas. Estamos com tudo em dia, salário e impostos. É muito fácil o Conselho, a torcida, que não entende do dia a dia, darem palpite e criticarem. Quero ver estarem aqui no dia a dia. Já falei, quem quer me ajudar, que venha ajudar. Não veio ajudar, não dê palpite”, prosseguiu o presidente coxa-branca.

Balanço

Mesmo com a reação intempestiva do presidente alviverde, o Coritiba acertou em algumas contratações que fez durante a temporada. Se não fosse isso, o Verdão certamente não seria campeão paranaense e estaria brigando novamente contra o rebaixamento no Brasileirão. Com destaque para o volante Matheus Galdezani, para o zagueiro Werley, para o lateral-esquerdo William Matheus e para o meia Anderson. A expectativa é de que Cléber Reis e Rafael Longuine sejam, em breve, titulares do time alviverde. Ambos, inclusive, vieram para o Coxa com essa expectativa, diferentemente do que aconteceu no Santos, quando nenhum dos dois estavam sendo utilizados pelo técnico Levir Culpi.

Veja a classificação do Campeonato Brasileiro!

“A gente podia ter ficado lá tranquilo, com a condição que o Santos se encontra, mas, como falei, foi uma decisão pessoal. Já há um bom tempo havia o interesse, e o objetivo do Coritiba é, sem dúvida nenhuma, estar melhorando sua posição na tabela, chegando na Libertadores. Venho com esse pensamento”, cravou Longuine. “Como o Longuine falou, foram escolhas pessoais, sabíamos da situação do Santos hoje e é um desafio para a nossa carreira, é muito importante para nós e para o Coxa. Meu dia a dia é o Coxa, vou fazer o melhor aqui e construir uma nova história aqui”, emendou Cléber Reis.

São apostas feitas pelo Coritiba para conseguir, na reta decisiva do Campeonato Brasileiro, conseguir passar longe de brigar contra o rebaixamento e voltar a sonhar com uma das vagas na Libertadores da América do ano que vem. Cléber e Longuine devem estar à disposição do técnico Marcelo Oliveira para o duelo desta segunda-feira (28), diante do Vitória, às 20h, no Couto Pereira.