Uma meta nada modesta norteia a nova administração do Coritiba: tornar o clube uma referência mundial, como a melhor e mais profissional instituição desportiva do continente.
À primeira vista parece devaneio, mas é o objetivo de um elaborado e ousado projeto de gestão, que planeja o Coxa para os próximos 12 anos.
O conselheiro Flávio Kitzig, do núcleo de consultoria e projetos da Fundação Getúlio Vargas em Curitiba, coordenou mais de 40 sócios e torcedores do Coxa na elaboração do ?Projeto Vencer?, o primeiro planejamento estratégico a longo prazo da história do clube. Uma idéia para levar ao Alto da Glória uma nova era, de profissionalismo e visão empresarial.
Foram oito meses de trabalho, com rigorosa metodologia, que resultaram num plano para que o Coxa se modernize e sobreviva em uma nova realidade.
?O Coritiba precisa de uma visão empresarial.
Se não tiver, está fadado a ser considerado um time medíocre pelo resto de sua vida. É uma imposição do mercado?, avalia Kitzig.
O projeto prevê uma completa reestruturação administrativa, financeira e estatutária do clube, através de 12 pontos fundamentais (veja quadro). ?Não é um plano só para a gestão do Jair Cirino (novo presidente do Coxa). Precisamos de uma visão de longo prazo, um plano diretor para o clube?, afirma Kitzig.
Diferente
Na verdade, o Coxa segue o exemplo de empresas de sucesso e de clubes que já estão colhendo os frutos desse tipo de trabalho. Inclusive o Atlético, que ganhou fama nos últimos anos como modelo de gestão profissional, marketing e planejamento estratégico.
Kitzig admite que o rival saiu na frente, mas nega que o plano coxa-branca tenha qualquer inspiração na Baixada. ?Temos conhecimento do trabalho que foi feito lá, mas em nenhum momento nos inspiramos nele. Nossa realidade é outra. Nossa filosofia de atuação é outra?, ressalta.
A participação ativa de conselheiros, sócios e até torcedores, na elaboração e na execução, é o grande diferencial do projeto alviverde. ?Não é um projeto de uma só pessoa. Tem mais de 40 envolvidos no desenvolvimento disso. Todo o conselho administrativo participou de alguma maneira. O pessoal que está no deliberativo também. É um projeto de um grupo e por isso ganha força?, revelou Kitzig.
?Temos um conselho extremamente renovado, composto por pessoas jovens e a fim de ajudar. Ele vai ser vital para que a gente consiga fazer esse projeto acontecer?, diz o coordenador do projeto alviverde. A idéia é criar dentro do ?conselhão? comissões que vão acompanhar de perto e auxiliar o trabalho das diretorias profissionais.
Todos juntos
Torcedores ?influentes? que não fazem parte da diretoria também serão chamados a colaborar. ?Todos terão que participar. Médicos, engenheiros, políticos que podem ajudar o clube. Queremos usar todo esse potencial, que até hoje está represado?, avisa Kitzig.
A participação do povão também é fundamental.
?O torcedor é que vai fazer a diferença, se tornando sócio do clube. Não podemos ter 2 mil sócios. Precisamos de 40 mil. Temos que mostrar que temos um mercado imenso e fiel, que vai garantir o retorno aos investidores.?
Mas como o projeto é de longo prazo, Kitzig avisa: a galera terá que ser paciente. ?Nenhum clube sobrevive sem títulos. Queremos ser campeões brasileiros já este ano, mas tem que ser com sustentabilidade. Garantir que possamos ser campeões de novo amanhã. A torcida tem que compreender a situação e nos ajudar a construir um novo Coritiba, erguido sobre a rocha, com alicerce forte?, conclui.
