Coritiba, desmotivado, enfrenta o Vasco

E agora? Qual é a motivação que levaria o Coritiba a um bom resultado contra o Vasco? O jogo das 21h50, no Couto Pereira, é um dos cinco últimos do time em casa neste campeonato brasileiro (após, recebe Figueirense, Santos, Vitória e Goiás). Só por isso a partida vale. Além disso, há a chance de classificação para a Copa Sul-Americana, a obrigação de acabar com o jejum de quatro jogos sem vitória e a chance de apagar a virada imposta pelo Juventude no sábado. Para completar, há a dignidade dos atletas, citada a cada instante pelos mais experientes.

Colocou-se muita coisa em jogo, mas a torcida talvez não entenda tais apelos como interessantes para ir ao estádio. Ainda mais em um momento em que o brasileiro parece sem sentido para o Coxa, que não tem chances de classificação para a Libertadores e está tecnicamente afastado do rebaixamento. E muitos dos que vão andam irritados com a fase alviverde. “Se o torcedor está irritado, pode ter certeza que nós estamos até mais irritados. Ninguém aqui queria ficar nessa situação. Nosso desejo era estar entre os primeiros, lugar que eu acho que nós tínhamos capacidade de estar”, comenta o goleiro Fernando, a grande novidade coxa.

Ele passou por um teste forte na segunda, sendo exigido muito pelo preparador de goleiros Pardal antes de participar do coletivo. Liberado, Fernando foi confirmado na equipe. “Ele não sentiu nada, e vai jogar”, avisa o técnico Antônio Lopes. “Eu devo colocar uma proteção maior para sentir menos dores. Mas como nos treinos não tive problemas, acho que no jogo será tranqüilo”, garante o goleiro.

Além de Fernando, ainda há a volta de Miranda – e, com isso, a defesa está ?quase? completa, pois falta o titular da quarta-zaga (Flávio, nos últimos jogos, e Reginaldo Nascimento, na maior parte da competição). “É complicado ficar de fora, mas agora quero tentar seguir até o final do brasileiro”, comenta o zagueiro, que já perdeu cinco partidas no campeonato por causa de suspensões (três séries de cartões amarelos e duas expulsões).

Do meio para frente, o Delegado retoma o esquema 4-4-2, com a volta de Ricardo ao setor de armação. “Ele foi muito bem na partida, e acho que nesta partida esse sistema é mais interessante”, justifica o treinador, que sabe da importância de uma vitória hoje – mesmo que ela pareça não levar a lugar nenhum. “Nós temos que sempre estar interessados no jogo”, resume ele. “O futebol nos dá uma chance de nos redimir a cada três dias. Nós temos que aproveitar essa chance”, finaliza Aristizábal.

Esta disputa não é feita exclusivamente na nossa língua. Hoje, estarão em campo no Couto Pereira dois dos mais importantes jogadores estrangeiros da história recente do futebol brasileiro. O colombiano Victor Hugo Aristizábal, do Coritiba, e o sérvio Dejan Petkovic, do Vasco, são os maiores artilheiros ?gringos? dos campeonatos brasileiros. Até agora, a vantagem de Pet é de dois gols (49 a 47), mas Ari ainda acredita que pode virar o jogo.

Na verdade, seria recuperar uma liderança que era dele no início deste Brasileiro. Até o campeonato de 2003, o colombiano tinha 41 gols contra 34 do sérvio. Só que Petkovic tornou-se a tábua de salvação do Vasco, marcando quinze gols e sendo um dos artilheiros da competição – ao lado de Obina, ele é o sexto melhor colocado, atrás de Washington, Alex Dias, Robinho, Edílson e Cláudio Pitbull.

Aristizábal garante que é um privilégio disputar com o sérvio. “Eu acho o Petkovic um grande jogador. Ele é fantástico, e é muito bom para mim enfrentar um cara desse nível”, afirma o atacante coxa, que não esconde o desejo de fechar a carreira no Brasil com a marca. “Não vou negar que seria uma honra para mim ter o nome marcado na história do futebol brasileiro. Se eu puder conciliar isso com as vitórias do Coritiba, fica perfeito”, resume.