Chega de amadorismo

Clubes paranaenses apostam em gestão profissional para sobreviver

A modernização da estrutura administrativa do futebol, que ganhou status de necessidade, principalmente desde a última década, vem sendo responsável por uma mudança no perfil das equipes paranaenses. Desapareceram figuras ativas no passado, como mecenas e prefeituras. Os dirigentes à moda antiga, no estilo “faz de tudo”, deixaram de ser unanimidade. Ganharam espaço os gestores especializados em investir no mercado da bola e os clubes-empresa.

Atlético, Coritiba e Paraná foram os únicos clubes do estado a manter o estilo tradicional de estrutura e ainda permanecer disputando campeonatos em alto nível, como as Séries A e B do Brasileiro. No entanto, passaram por mudanças no formato de suas gestões.

O restante do futebol paranaense encontra um novo cenário, que tem o Londrina como símbolo mais recente. Detentor de três títulos estaduais, mas repleto de dívidas, o Tubarão firmou em 2010 uma parceria de gestão por dez anos com a SM Sports. “Sabíamos que pegaríamos o Londrina no zero e estamos em uma fase de recuperação”, resume o presidente Cláudio Canutto, que divide o comando do clube com o gestor Sérgio Malucelli, presidente da SM Sports. Situação similar já ocorreu em outros clubes como Operário, Iraty e Arapongas.

Buscando crescimento, outro clube que pretende realizar mudanças em sua gestão é o Cianorte. Atualmente, a agremiação tem como base de sustentação o “Consórcio Amigos do Leão”, que tem como objetivo definir os rumos da equipe. “Nosso sonho é transformar o clube em S.A. Queremos dobrar o orçamento e criar um projeto mais ousado. Enquanto isso não ocorre, no momento conseguimos cumprir com todas as obrigações”, afirma o diretor de futebol do Leão, Adir Kist.

Além de mudanças administrativas, surgiram também equipes já adaptadas a um novo perfil do futebol local. Um dos expoentes do futebol-empresa no estado é o Corinthians Paranaense. O clube recebeu o nome em 2009, quando deixou de ser J. Malucelli e fez parceria com o Timão, buscando o fortalecimento de sua marca.

Outro caso emblemático é o Toledo Colônia Work. A equipe foi fundada em 2004 para suprir a ausência de times na cidade, recebendo como sobrenome as marcas de duas empresas locais, que comandam as operações do clube. Algo que, de acordo com o presidente Irno Picinini, não afasta outros investimentos. “Pela estrutura do clube e o nome do TCW, as empresas veem com bons olhos”, ressalta.

Para o doutor em história do futebol, integrante do Núcleo Futebol & Sociedade da Universidade Federal do Paraná, André Capraro, essa transformação cria duas situações. “Possibilita que surjam times com empresários com boas intenções e ligados às cidades, mas também outros que não tenham o mesmo comprometimento”, avalia.