Autódromo Internacional tem licença suspensa

O automobilismo brasileiro ficou em polvorosa desde a noite de terça. A divulgação da suspensão temporária da licença internacional do Autódromo de Curitiba e as pressões da FIA (Federação Internacional de Automobilismo) aos organizadores do Grande Prêmio do Brasil deixaram dirigentes, pilotos e promotores assustados.

No plano estadual, os responsáveis pelo AIC e os representantes do Campeonato Mundial de Turismo (WTCC) garantem que as exigências da entidade serão cumpridas até o dia 31 de dezembro, e que o WTCC terá sua prova de abertura da temporada 2007, no dia 11 de março, em Curitiba.

Na terça, a Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA) divulgou uma nota comentando as decisões da Comissão de Circuitos da FIA, que se reuniu no dia 13. Na nota, estava a informação que a entidade ?suspendeu temporariamente a licença do Autódromo Internacional de Curitiba em razão do atraso na preparação do circuito e precariedade das barreiras de pneus durante a etapa do WTCC, em julho passado (a corrida aconteceu em 01/07), compromisso este assumido pela Prefeitura de Curitiba e não cumprido.?

Abaixo, o presidente da CBA, Paulo Scaglione, partiu para o ataque. ?As prefeituras de Curitiba e de São Paulo estão expondo (…) o automobilismo brasileiro como um todo a um ridículo internacional.? Segundo pessoas ligadas a Scaglione, a ação é um ?puxão de orelhas? por causa da falha na barreira de pneus. ?Há várias exigências, e a FIA é muito criteriosa com este tipo de assunto, por causa da segurança?, afirmou o assessor da CBA Américo Teixeira Júnior. Como aconteceram acidentes justamente no local da proteção irregular, o diretor técnico Eduardo Freitas, que esteve em Curitiba, ?carregou? no relatório.

Segundo o coordenador operacional do Autódromo Internacional de Curitiba, Itaciano Marcondes Ribas Neto, não houve tempo hábil nem verba para instalar a proteção nas normas da FIA. ?Eles exigem que a barreira seja toda parafusada, o que demanda tempo e custo. Quando houve a vistoria final, dois meses antes da corrida, fizemos um acordo com eles: que faríamos o possível, e que em alguns pontos amarraríamos os pneus. Eles aprovaram?, lembrou o coordenador.

A aprovação da FIA também foi lembrada pelo secretário de Turismo de Curitiba, Luiz de Carvalho, que manifestou ?surpresa? com a nota da CBA. ?Acho que houve um equívoco. As vistorias aconteceram, o autódromo foi aprovado e a prova foi um sucesso?, comentou. O secretário foi econômico na avaliação sobre o caso. ?Ficamos sabendo apenas através da imprensa, não tivemos uma notificação oficial. A impressão é que houve um posicionamento precipitado.? Luiz de Carvalho também não quis se aprofundar nas críticas do presidente da CBA, que acusou a Prefeitura de não cumprir com o prometido. ?Desconheço este assunto?, disse.

Augusto Farfus, promotor do WTCC no Brasil, e pai do piloto da categoria Augusto Farfus Júnior, garantiu que o caso será resolvido antes de 31 de dezembro – caso a FIA não aprove o autódromo até esta data, a prova do Mundial de Turismo ficaria inviabilizada. Ele conversou ontem com o organizador do campeonato, o italiano Marcello Lotti, e acertou uma visita dele a Curitiba no final de outubro. ?Ele ficará aqui entre os dias 25 e 27, e certamente esta situação estará resolvida.? Segundo Farfus, Marcello Lotti se comprometera a conversar com o presidente Paulo Scaglione sobre a prova.

O organizador local, inclusive, anunciou que o WTCC terá sua primeira etapa de 2007 no Brasil. ?Está tudo certo, vamos lançar o campeonato em Curitiba no dia 11 de março?, avisou Farfus. Tanto ele quanto o secretário de Turismo garantem que haverá apoio oficial -mesmo que Luiz de Carvalho tenha admitido que ainda não há um contrato assinado. ?A Prefeitura está ao nosso lado, continua parceira?, disse Farfus. ?Temos o maior interesse em realizar eventos deste porte?, finalizou o secretário.

Obras para a aprovação da FIA

Mas, então, o que precisa ser feito para que o Autódromo de Curitiba volte a ser internacional? São pouco mais de três meses para que o circuito esteja plenamente adequado às normas da Federação Internacional de Automobilismo. A princípio, são obras simples nas proteções de pneus, mas que demandam, segundo os especialistas, tempo e dinheiro.

Augusto Farfus, promotor do WTCC, garante que a situação é ?fácil de resolver?. ?São necessárias adequações, que certamente serão feitas, sem problemas?, comentou. Os pneus das barreiras precisam ser presos por parafusos especiais em grupos de sete. Depois, estes grupos são unidos, três a três, e novamente parafusados, e depois fixados nas áreas de escape – e é isto que precisa ser feito para atender a FIA.

?Aqui no Brasil, este tipo de fixação é feita com grampos e fita?, explicou Itaciano Marcondes Ribas Neto, coordenador operacional do Autódromo Internacional de Curitiba. ?Quando houve a vistoria, eles nos pediram que mudássemos a fixação, mas não havia tempo hábil para fazer isso. E nem dinheiro?, completou.

Como a prova chegou a correr risco de ser cancelada, a administração do AIC teve que colocar a mão na massa – segundo a direção da Confederação Brasileira de Automobilismo, com o apoio da entidade. ?Eles queriam todas as barreiras arrumadas, mas em alguns lugares ficou faltando a fixação dos blocos de pneus?, disse Ribas Neto.

Com o relatório do diretor técnico Eduardo Freitas, a FIA decidiu suspender a licença internacional do autódromo, dando até 31 de dezembro para que o problema fosse resolvido. A intenção dos promotores é recolocar Curitiba no circuito mundial do automobilismo até o final de outubro.

Confusão gera notícias desencontradas

Foi um dia de informações desencontradas em Curitiba. A suspensão temporária da licença internacional do AIC foi recebida pela imprensa, pois mesmo a Confederação Brasileira de Automobilismo usou a mídia para divulgar sua nota oficial. O resultado foi uma confusão.

Itaciano Marcondes Ribas Neto, coordenador operacional do AIC, teve que atender ontem pilotos desesperados. ?Chegaram a falar que o autódromo estava fechado?, contou. Na verdade, o autódromo não pode, por enquanto, receber provas internacionais com a chancela da FIA. ?De resto, está tudo bem, tanto que vamos ter a Fórmula Truck no dia 6 de outubro, e nossa vida continua?, completou Ribas Neto.

Outro que teve uma manhã atribulada foi Augusto Farfus, promotor local do Mundial de Turismo da FIA (WTCC). Ele soube da notícia através do sítio Grande Prêmio, do colunista de O Estado Flavio Gomes. ?Pela manhã, fui ver as notícias e levei um susto?, confessou o empresário.

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