Nova etapa

Agora nos bastidores, Autuori se despede dos gramados pra cumprir missão

Paulo Autuori foi convencido pelo Furacão a voltar. Foto: Marcelo Andrade

A entrevista coletiva de terça-feira (23) marcou o fim de um ciclo de Paulo Autuori. A despedida, na verdade, aconteceu no domingo, na derrota do Atlético por 2×0 para o Grêmio, na Arena da Baixada. Ali, acabava a carreira de mais de 40 anos de treinador, para dar espaço ao sonho de ser dirigente, mais especificamente gestor técnico. Um sonho que foi realizado pelo Furacão, mas que também foi adiado pelo próprio Rubro-Negro.

Autuori já havia declarado inúmeras vezes que não tinha mais vontade de comandar um time brasileiro. Até que em março do ano passado veio o convite do Atlético, com um projeto que interessou o treinador, mas com prazo de validade. Só que este prazo ainda não tinha uma data estipulada e durou quase um ano e três meses.

“Somente o projeto do Atlético me fez permanecer um ano a mais como treinador. E tenho uma cobrança de viver as coisas intensamente. E essa rotina do futebol brasileiro consome. Estou com idade, são 42 anos de futebol. Agradeço o presente de poder começar com uma outra função no futebol. E vou agradecer dando reciprocidade, fazendo aquilo que acho importante para o futebol brasileiro. É uma coisa que já estava programada”, afirmou ele.

Neste período, Paulo Autuori e Furacão se identificaram muito. A ponto de as entrevistas do treinador parecerem personalizar o próprio clube. Com tamanha ligação, era natural que ele assumisse este novo cargo no Rubro-Negro.

“Só podia partir do Atlético essa oportunidade de quebrar paradigmas, que já vem sendo comum aqui. Tenho recebido muitas manifestações profissionais, parabenizando a decisão e tenho que agradecer em termos pessoais, pois prolongou minha carreira. Fico feliz de poder ter contribuído nesse período e por poder encerrar minha carreira em um clube como o Atlético”, ressaltou Autuori, que foi campeão paranaense em 2016 e deixa o time nas oitavas de final da Libertadores.

Ao longo da carreira, o agora ex-técnico fez carreira no exterior, comandando as seleções do Peru e do Qatar. No Brasil, obteve sucesso com títulos expressivos, como o Campeonato Brasileiro de 1995, com o Botafogo, as Libertadores de 1997, pelo Cruzeiro, e 2005, pelo São Paulo, e o Mundial de Clubes de 2005, também com o São Paulo. Experiência que ele pretende colocar agora neste novo cargo, até para tentar mudar o futebol brasileiro, tão criticado por ele próprio.

“O que eu vejo no futebol brasileiro, nos dirigentes, é muito projeto pessoal. Em um espaço de 20 anos eu vejo clubes de tradição que não saíram do lugar e vejo o que foi construído no Atlético, isso me demonstra uma preocupação muito grande com a instituição”, acrescentou.

Porém, a ‘despedida’ será apenas do gramado. Nos bastidores, Autuori fará parte da comissão técnica. Nas inovações, o Atlético não para apenas na efetivação de um técnico, mas sim mudando o conceito de diretoria e comissão.

“Aquela clássica divisão de treinador e diretor não será assim no Atlético. Eliminamos definitivamente essa figura de diretor. Temos uma comissão técnica um grupo de profissionais que trabalharão de forma coletiva”, garantiu Mario Celso Petraglia, presidente do Conselho Deliberativo do Furacão.

De qualquer forma, chega ao ponto final a carreira de um treinador que sempre foi muito elogiado por jogadores e companheiros, até mesmo aqueles que o substituem.

“O Brasil perde muito com o Paulo deixando de ser treinador, mas ganha com ele em outra função, principalmente o Atlético, e vamos torcer para que dê certo”, destacou Eduardo Baptista.