Marginais na marginal

As marcas de pneu riscaram o asfalto por uns 30 metros. Mesmo assim, a saveiro estava tão rápida que foi impossível evitar o atropelamento. Sem qualquer chance de reação, o tiozinho foi arremessado longe, numa pancada que o sentenciaria à invalidez por completo.

Entre tantas colisões e atropelamentos, a Linha Verde – avenida que serpenteia parte da cidade de Curitiba – foi a recordista de acidentes em 2015. A brutalidade correu solta por lá, com a avenida sendo palco de exatas 299 ocorrências, todas atendidas pelas ambulâncias do Corpo de Bombeiros.

Um recorde macabro, sem dúvida.

O que desperta a atenção é que muitos destes casos aconteceram num lugar inusitado, que são as marginais auxiliares, paralelas à via principal de trânsito.

Em tese, tais marginais seriam destinadas ao fluxo local, de menor intensidade e, por isso mesmo, de menor velocidade. Em tese, pois na prática o que se vê é uma terra de ninguém, na qual descerebrados circulam em desvairada sem qualquer freio, fiscalização ou punição.

O problema é antigo e progressivo e conhecido e ignorado pelas nossas “autoridades” de trânsito. A Linha Verde nunca foi grande coisa, com entraves grotescos de planejamento que a fazem ser chamada de “Lesma Verde”. Certamente é esse mesmo marasmo viário e diário que faz com que tantos motoristas fujam pelas marginais, as transformando em pistas de corrida.

Com tanto sangue derramado e nenhuma mudança real à vista, podemos pelo menos mudar o nome da avenida.

De linha verde para vermelha.

O que acha?