Na eleição, rural e urbano devem ter representantes e não candidatos

Quase 700 candidatos declararam atividades vinculadas à agropecuária como ocupação, 10% a mais em relação a eleição de 2018

Desde o dia 16 de agosto, a campanha eleitoral está liberada. Os mais de 28 mil candidatos espalhados pelo país podem fazer propaganda nas mídias impressa e virtual, pedir votos nas ruas e em eventos, adotar ações para conquistar o eleitor. Neste processo para ganhar o meu e o seu voto, há diversas estratégias. Uma utilizada a exaustão pelos postulantes a um cargo político é se colocar como candidato de um grupo, de uma comunidade, de um segmento ou de um setor. Ou seja, se “apropriar” de uma bandeira e/ou uma causa.

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Nada de errado nisso. Pessoas que conhecem as mazelas de uma região, as necessidades de uma comunidade ou as adversidades enfrentadas por um setor podem contribuir para a melhora, caso venham a ocupar um dos cargos em disputa no dia 2 de outubro, quando acontece o primeiro turno das eleições.

O meio rural, em razão da força econômica e, principalmente, pelo número de pessoas envolvidas, direta ou indiretamente, sempre acaba por atrair a atenção de parcela dos candidatos. De acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2015 (mais atual disponível), 15,28% dos brasileiros vivem em áreas rurais. Traduzindo com o olhar do candidato, esse porcentual agrupa alguns milhões de votos.

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Em busca deste eleitorado, segundo levantamento do Canal Rural, plataforma de comunicação especializada em agronegócio, junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a quantidade de candidatos que declararam atividades vinculadas à agropecuária como ocupação aumentou 10% em relação as eleições de 2018. Há quatro anos eram 633 com ligação ao setor, saltando para 696 no pleito atual. Neste universo, o Paraná aparece na quinta colocação entre os estados com mais candidaturas envolvendo o meio rural. São 42, atrás de Minas Gerais (51), Pará (49), Rondônia (48) e Bahia (45).

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No contexto nacional, há cinco candidatos a governador, dez a senador, sete a vice-governador, sete a deputado distrital, 226 para deputado federal e 423 para deputado estadual que declararam à Justiça Eleitoral terem profissão inseridas/envolvidas com o campo. Isso sem contar os suplentes, que acabam, no futuro, tendo papel importante. Afinal, na dança das cadeiras, na acomodação dos partidos, é comum eleitos deixarem o cargo para assumirem ministérios, secretarias, órgãos públicos e estatais, alçando os suplentes ao posto de “eleito”.

Ainda de acordo com o levantamento, não há candidato entre os 12 que concorrem ao posto de presidente da República e ao cargo de vice-presidente que declarou profissão ligada ao setor rural no registro das candidaturas. Mesmo assim, todos estão de olho nos votos dos eleitores alocados no campo, que fazem a diferença na hora da contagem.

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Apesar destas quase 700 candidaturas ligadas ao campo, o meio rural (suas entidades e empresas) não deve ter preferência. Ou seja, é, no mínimo, temeroso declarar apoio ao candidato A, B ou C. Esses se colocarem como representantes rurais não há mal, ainda mais, se eleitos, trabalharem para o desenvolvimento do campo. Mas, o inverso não se faz pertinente.

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Neste cenário de polarização em que vivemos no Brasil, causa estranhamento entidades que representam os agricultores e pecuaristas declararem apoio ao candidato A, B ou C. Essas precisam da postura neutra para, independente de quem esteja ocupando os cargos nas esferas federal, estadual e municipal a partir do dia 1º de janeiro de 2023, terem acesso livre para debater, negociar, questionar, cobrar e mesmo criticar. Como bem diz uma liderança rural, há anos no cargo, “as entidades precisam trabalhar com quem é governo. Não interessa quem está no cargo”. Fica a dica, para entidades e empresas rurais e urbanas!

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