Tem boi na bolsa! Empresas do campo abrem capital e atraem investidores urbanos

Eu assumo! Lá pelos meus vinte e poucos anos, eu tinha o projeto de juntar R$ 1 milhão antes dos 40 anos. Na época, para tentar atingir a meta, as moedas que sobravam do salário de um jornalista recém-formado eram redirecionadas para comprar ações na Bolsa de Valores (hoje, B3). Lembro que, nas minhas leituras e pesquisas sobre o tema, valia investir, com a promessa de ganhos, em ações de bancos, empresas privadas em franco crescimento e, claro, as estatais como Petrobras e Vale (na época, ainda estatal).

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Nas últimas décadas, como outros movimentos, órgãos e entidades, a Bolsa de Valores se aproximou do campo. Muitas empresas do setor rural, incluindo agrosserviços e agroindústrias, abriram e/ou estão abrindo parte do capital para investidores. No ano passado, 11 dos 46 IPOs – quando, pela primeira vez, uma empresa realiza oferta de ações ao mercado – foram companhias agropecuárias.

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Esse movimento rural em pleno centro efervescente da megalópole São Paulo fez com que a B3 colocasse o boi gordo, a soja, o milho, o café e outros produtos para “dentro” do prédio. Em maio deste ano, a Bolsa criou um índice para acompanhar o desempenho de ações das empresas do setor agro. A carteira do Índice Agro Free Float Setorial (IAGRO-FFS), como é chamado o indicador, inclui 32 papéis em negociação, entre JBS, Marfrig, Ambev, Suzano, Klabin e Pão de Açúcar.

E não para por aí. O avanço do meio rural na B3 tem rendido outros desdobramentos. Existem também os chamados “títulos do agronegócio”, como a Cédula do Produto Rural (CPR), a Letra de Crédito do Agronegócio (LCA) e o Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA). Todas reunindo milhares de investidores e quantias na casa dos bilhões de reais.

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A criação da carteira IAGRO-FFS e esses títulos do agronegócio são mais uma forma de exposição do meio rural para os cidadãos urbanos. O agronegócio sempre foi um setor representativo para a economia brasileira, inclusive garantindo o superávit durante anos. Então, nada mais justo que o campo – e as empresas que o compõem – pudesse fazer parte do mercado que atrai tantas pessoas e investidores e movimenta cifras grandiosas.

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Eu, no alto dos meus 43 anos, lamento que a Bolsa de Valores do Brasil não tenha colocado a fazenda para dentro do prédio lá no começo do século. Não consegui atingir o projeto de R$ 1 milhão antes dos 40 (na verdade, fiquei e ainda estou bem longe). Mas mudou a minha forma de investir. Com um olhar mais refinado, sigo colocando parte das moedas que sobram em ações, agora, com perfil rural, assim como milhares de investidores urbanos.

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