Estradas sucateadas no Paraná impactam no cotidiano urbano e rural

Desde o fim dos contratos de concessão, praças de pedágio estão abandonadas - Foto: Alex Silveira/Tribuna do Paraná

Na primeira semana de junho, por conta de compromissos profissionais, rodei quase 1,5 mil quilômetros pelas estradas de diversas regiões do Paraná. Essa quilometragem me permitiu constatar algo preocupante. Nestes últimos sete meses, desde os dias 27 e 28 de novembro de 2021 quando encerrou a cobrança nas praças de pedágio do estado, as estradas são outras: mais esburacadas, com pavimento danificado em diversos pontos, menos sinalizadas, com mata alta na beira em vários locais e com oferta limitada de prestação de serviços ao longo dos percursos. Ou seja, bastou pouco mais de meio ano para as rodovias do Paraná iniciarem o processo (acelerado) de sucateamento (como era previsto por muitos).

Esse estágio atual das estradas do Paraná tem impacto direto na vida dos cidadãos urbano e rural. Afinal, é por essas rodovias que o agricultor, por exemplo, escoa a produção de grãos até o Porto de Paranaguá e também faz chegar os insumos na propriedade para a produção de alimentos. Também por essas vias que as pessoas das cidades, por exemplo, visitam parentes ou fazem turismo, vão até Foz do Iguaçu conhecer as Cataratas do Iguaçu e/ou ao litoral visitar as praias.

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Nesta novela da renovação dos pedágios no Paraná, alguns pontos chamam a atenção (pelos aspectos negativos). O governo sabia “só” há 24 anos que os contratos com as concessionárias de pedágio iriam vencer nos dias 27 e 28 de novembro do ano passado. Mesmo diante deste prazo “curto” não foi possível fazer o estudo e lançar o edital para renovação dos contratos para a garantia da manutenção das estradas.

Outra questão passa pela promessa de valores mais baratos para o motorista que for trafegar nas estradas administradas pelas futuras concessões. Hoje, as praças desativadas expõem enormes placas, assinadas pelo governo estadual, com a mensagem “Fim do preço injusto nos pedágios. Passagem livre até a nova concessão. Com tarifa menor e o maior projeto de infraestrutura do país”.

Porém, a promessa pode não se concretizar. No começo deste mês, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) entregou ao Tribunal de Contas da União (TCU) uma nota técnica com a atualização da tarifa de pedágio das rodovias paranaenses. Para os trechos que compreendem estradas da região do Norte Pioneiro e a ligação entre a capital Curitiba e Paranaguá, no litoral, a ANTT prevê um aumento de 23,3% na tarifa base de pedágio que vai a leilão em relação às tarifas apresentadas em novembro do ano passado. E não se engane. Essa é, provavelmente, a primeira de muitas notas técnicas até a conclusão do processo.

Um terceiro ponto é o descaso com as praças de pedágios. As que passei durante a viagem no início do mês estão abandonadas, saqueadas, sem iluminação e com enormes blocos de concretos ao redor. Uma verdadeira armadilha para quem trafega, principalmente à noite. Inclusive, há registro de acidentes, com casos fatais, como o caso de um caminhoneiro que não viu a praça abandonada em meio à escuridão.

A essa altura não há muito o que fazer além de esperar a publicação do edital, torcer para que as futuras tarifas dos pedágios sejam condizentes com as promessas e, principalmente, redobrar os cuidados enquanto trafega pelas atuais rodovias abandonadas (e que terão suas condições pioradas com o passar do tempo). Agora é aguardar o desenrolar, na torcida de que não sejam “só” 24 meses até a conclusão do processo.

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