Pai de primeira viagem, precisei ser MÃE por cinco dias: Socorro!

Quem acompanha a coluna sabe que um dos meus principais objetivos, além de tentar criar um homem decente, funcional e de caráter, é conseguir abrir os olhos de pelo menos uma meia dúzia de pais que não fazem ideia do que é ser pai. Eu sei tudo? Não, é óbvio. Estou nessa há pouco menos de um ano (contando os 3 meses do Bernardo e toda a gestação da Beatriz).

Mas eu sei que não fomos criados para sermos pais (independente de quem é a culpa) e meu objetivo é mostrar que podemos e DEVEMOS fazer muito mais do que fazemos e do que a sociedade aceita.

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Nos últimos dias eu precisei ser pai e mãe do Bernardo, ou seja, precisei ser MÃE do meu filho por 5 dias. E eu digo “ser mãe” não para provocar as nossas guerreiras (termo que elas odeiam quando tentamos elogiar seus empenhos criando uma criança praticamente sozinha diante da apatia e pouco interesse dos pais). Mas sim porque a Bia precisou ficar internada no hospital para se tratar da dengue, que nos deu um baita susto.

E foi “no susto” mesmo, pois fomos na emergência para ver uma febre e mal estar que não passavam, e ela ficou internada direto após uns exames de sangue. E aí? Do nada voltei pra casa sem ela e com um piázinho de 3 meses recém completados para cuidar.

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E agora? E agora nada. Aconteceu que eu fui pai do menino por 5 dias. Tirando o “tetê” (e todo o vínculo afetivo e coisa e tal, é claro) as minhas responsabilidades como pai deveriam ser as mesmas que as da mãe. E foi assim que aconteceu, cumprindo-as à risca, que comecei a minha jornada de mãe do Bernardo por cinco dias.

Tínhamos recém inserido a fórmula (leite em pó enriquecido, para os leigos) na rotina do Bernardo. Como ele não ganhou o peso esperado na consulta dos 3 meses, a pediatra recomendou, além de uma mudança na rotina alimentar da Beatriz – incluindo mais gorduras boas, para que elas passassem para o leite do peito – passamos a dar um “mamá” de fórmula por dia para o Bernardo.

Ele se adaptou muito bem ao novo alimento e essa foi a nossa sorte. Sem ainda a certeza do que acometia a Bia no hospital, seguimos a orientação médica de cortar o “tetê” enquanto isso. O mamá foi a salvação da lavoura.

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Sem a mamãe em casa, tivemos que nos virar. Como eu estou trabalhando em home-office, a missão foi ainda mais complicada. Graças à paciência do “time Tribuna” e a valiosa contribuição de parte da nossa rede de apoio, a tarefa ficou mais fácil. Mais fácil, mas ainda sim muito trabalhosa.

É impressionante a dedicação necessária para cuidar de um bebê 24 horas por dia. Os homens, os pais, não fazem ideia. A atenção constante, as tarefas rotineiras vitais para o bem estar do piá, o mamá, as inúmeras trocas de fralda, a atenção na hora de brincar e descobrir o mundo (com três meses, tudo é novidade para eles. É um aprendizado diário).

Temos que estimulá-los a todo instante para um melhor desenvolvimento. Brinquedinhos, conversas, tummy time, risadas (como esse menino abençoado ri… é a coisa mais gostosa do mundo).  Banho, mamá, troca e fraldas, brincadeira. Olho vivo para que ele não role, não caia, não quebre o pescoço, não sufoque… e dê risada, e curta, e descubra o mundo.

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Temos a sorte (nem sei se acredito em sorte aqui, mas sim que colhemos o que plantamos) de o Bernardo ser uma criança realmente abençoada. É calmo, é risonho, chora pouco, quase não tem cólicas. Neste período de internamento da Bia, duas noites ele dormiu das 21h às 6h, 7h. Sem acordar de madrugada para mamá. Outras três noites ele acordou três vezes, mamou e dormiu novamente. Ele nos ajuda a sermos bons pais. E pais com sanidade.

E foi tudo bem. No meio desse processo, os médicos autorizaram a Bia a retirar leite e demos de mamadeira para o moleque. E ele curtiu demais. É impressionante a diferença. Eu ia no hospital todos os dias dar um chamego na minha esposa e para pegar a carga de leite pro moleque. Assim, mantivemos com êxito este lindo vínculo. Num dos dias, levei o moleque para ver a mamãe no hospital, mas tomando todos os cuidados. Nós no estacionamento, ela na janela. Foi emocionante.

Emocionante também foi a volta pra casa… O bebê (e o papai) ficou eufórico ao reencontrar a mãe. Apesar das dificuldades, superamos o desafio pois somos uma família, nos apoiamos e enfrentamos tudo juntos. Os avós Gilberto e Márcia (a tia Jandira também), nossa rede de apoio mais próxima, foram essenciais nesse período, assim como o apoio dos amigos.

Ele ficou com o pai?

Foi engraçado (e triste) ouvir os relatos trazidos pela Bia após o internamento. Tanto das enfermeiras, quanto de pessoas próximas. Quando elas ficavam sabendo que a Bia era mãe de um menino de apenas 3 meses e precisou ficar internada, era automático o “desespero” das pessoas: “Mas e o bebê?”. A Bia dava risada e dizia: “Está com o pai”. Para nós, simples assim. Para as pessoas, um susto. “Com o pai? Coitado desse bebê”. Pois é.

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Fomos criados e educados pela sociedade machista que nos rodeia a sermos apenas o doador do esperma. A carga pesada fica toda para a mãe. E tá errado. As responsabilidades precisam ser divididas. Ser pai não é brincadeira e a missão precisa ser levada a sério. Os caras deveriam fazer isso por conta, mas sei que isso é utopia. Mas as mães e todos ao redor devem incentivar e cobrar essa postura dos pais. A criança é filha dos dois, portanto os dois precisam cumprir com suas obrigações.

E, mulheres, mães… NÃO SE CONTENTEM COM MENOS. Sei que não é fácil, mas vocês precisam exigir isso. Não vou nem entrar aqui na participação dos homens no relacionamento, pois aí o post não teria fim (é um absurdo como vocês se contentam com pouco, quando não deveriam). Agora, como companheiras, mães de uma criança que tem pai, é direito do seu filho ter uma assistência decente do pai (e dever deles, é óbvio).

Não abracem sozinhas a missão de ser mãe, aliviando para estes folgados displicentes.

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Se cada um cumprir com suas obrigações, o fardo (sim, fardo. Não romantizem a tarefa difícil de criar um filho) não pesa para ninguém. E ganha a família, os laços se fortalecem e a felicidades chegará (e ficará) no seu lar.      


Eu sou Eduardo Luiz Klisiewicz, marido da Beatriz e pai do Bernardo.

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