Precisamos falar de cuidados com a saúde com nossos filhos homens

Pais precisar estar presentes na hora de falar de saúde com seus filhos. Foto: Pexels

Enquanto o Bernardo não chega (e olha que o danado tá chegando. Estamos entrando na 32ª semana, minha gente) preciso falar sobre algo que me incomoda bastante e é um dos motivos que me fez criar este espaço. Estamos em pleno Novembro Azul, mês de conscientização pelos cuidados da saúde do homem e pelo diagnóstico precoce do câncer de próstata.

Certo de que tem um monte de “cueca” lendo este texto, digo para vocês: “PAREM DE SER TONGOS”. Tô sendo legalzinho, pois o que queria dizer mesmo é: “Pare de ser um machista”.

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Desde pequenos somos ensinados a não chorar, a ter namoradinhas antes mesmo de largar as fraldas (a ter muitas namoradinhas), a ter o “pipi” maior que o do amiguinho, a ser o mais forte, a derrotar e humilhar qualquer oponente, a sermos super-heróis. E na verdade somos carne e osso. Uns com mais ossos que outros, menos cabelos, mais banha, menos beleza, mais traumas, menos piroca, mais inseguranças, menos autoconfiança.

Nem sei bem de quem é a culpa, pois nossos pais (e mães, pois não pensem que são só os homens que ensinam isso para os filhos) foram ensinados assim, da mesma forma que os pais deles, os, avós, bisavós e cada galhinho desta árvore genealógica machista. Um ou outro, por influência de mulheres porretas ou homens de bem, desviaram deste caminho, mas a maioria foi preparada para vencer no páreo dos machões.   

Certo de que são imbatíveis (até imbrocháveis, é o que dizem), não vão ao médico, acham remédio coisa de boiola e tratam as dorezinhas da vida com álcool e mulheres.

E a doença – à essa altura no sentido real ou figurado, já nem sei mais – continua ali, lhe matando aos poucos.

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Por ignorância, preconceito ou puro machismo, o homem não se trata. Não se previne, não busca ajuda. Acha que nada lhe abala. Nem conversa com amigos. Prefere tentar um ENO, um Paracetamol e um Epocler, e bora para a próxima latinha, a próxima aventura, a próxima mulher, o próximo passo rumo ao próprio colapso.

Se pela vida desregrada ou uma “cagadinha” genética, o caboclo tá bichado por dentro, ele não vê o problema chegar, se instalar e crescer. Ele é macho, ele é viril, ele não se abala. Mas ele adoece, fica com medo, chora escondido (e a mãe não vê). “Aí vem o desespero”, que dessa vez não só machuca o coração, mas pode lhe tirar do jogo da vida num estalar de dedos.

A máquina é falível para todos. Não dá para ignorar o problema. Mas a turma ignora, por escolha, qualquer problema, dor ou mal funcionamento das próprias engrenagens. Não dar atenção a isso é burrice, antes de ser qualquer outra coisa. Se “der ruim” mesmo, pense você, você pode morrer porque escolheu ser um idiota.

Preconceito vai além

Hoje eu tomei uma atitude que surpreendeu a mim mesmo. Durante uma live interna do GRPCOM sobre saúde do homem, com a jornalista Nadja Mauad e o médico convidado Dr. Luiz Setti, urologista do Hospital das Clínicas de Curitiba, ele falou sobre homens com baixo índice de testosterona, o hormônio da virilidade masculina.

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Em número reduzido no nosso sangue e organismo, a testosterona gera vários sintomas desagradáveis, como cansaço, redução no metabolismo (o que impacta muito no emagrecimento, por exemplo) e perda do desempenho sexual. E eu sofri alguns anos com este problema. E tive a brilhante ideia de compartilhar isso com a empresa inteira.

Sim, por algum tempo estive com índices de testosterona muito baixos, mas não deixei de ser menor homem por causa disso. Mas senti todos esses sintomas. Um dos urologistas que consultei me receitou a reposição de testosterona injetável, o que é mais indicado para homens da minha idade, com efeito quase que imediato na cessação dos problemas mencionados, mas com ação catastrófica na fertilidade masculina. Como sempre tive o sonho de ser pai, recusei na mesma hora.

Li bastante sobre o assunto, caí em algumas roubadas (tipo esses estimulantes vendidos pela internet, maca peruana, chás e etc), até que um outro urologista me receitou um remédio manipulado que estimularia meu próprio corpo a produzir mais testosterona.

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E foi um santo remédio. Os números nos exames de sangue saíram de abaixo do índice de referência para próximo do limite alto, a energia foi recuperada em bom número (sigo preguiçoso, mas isso é meu mesmo) e a virilidade tá em dia, tanto que o Bernardo chega no mais tardar no começo de janeiro (e tivemos outras duas gestações anteriores, como já contei aqui.

Quero que, com esse preâmbulo e este depoimento, dizer para quem me lê: largue mão de ser tongo cara. Não deixe este machismo que foi nos ensinado pela sociedade te frustre, te encolha, te entristeça, te adoeça e te mate.

Precisamos ensinar nossos filhos a se cuidarem. Se você diz pra ele te contar se estiver com dor de barriga quando é uma criança, porque não pedir para que ele lhe diga se está com alguma manchinha no pinto ou incômodo no fiofó quando for adolescente? Trate dos seus enquanto você pode. Se preocupe, seja chato. Ampare, acolha.

Cuide da sua família, cuide você. Vá ao médico, faça um check up. Vá ver essa dor de cabeça que não passa, essa fisgada no joelho, o ciático que te atormente, o bilau que não sobe direito e essa próstata que pode estar do tamanho de uma laranja e pode te matar, mas que você se sente emasculado por fazer um simples exame médico.

Eu sou Eduardo Luiz Klisiewicz, marido da Beatriz e pai do Bernardo.

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