Mecônio, Puerpério e Colostro; as palavras esquisitas que os pais precisam conhecer

Bernardo e a mãe Beatriz curtindo momento de descanso na fase do puerpério. Foto: Eduardo Luiz Klisiewicz

Não basta apenas contribuir com um espermatozoide, nem ficar posando pra fotinhos no Instagram e ficar se gavando pros amigos que o piá vai ser pegador. Ser pai é UM POUCO MAIS que isso, por óbvio. Mergulhar de cabeça na maternidade (até aqui, é maternidade, já que muitos não fazem ideia do que é paternidade) é obrigação para um pai de verdade. É um mundo totalmente diferente do nosso de homem comum.

Ao decidir ter um filho, o cara tem que ter consciência de que sua vida vai mudar por completo. Tudo que ele conhecia como certo pode ser que não seja mais tão certo assim. O jeito que ele foi criado não necessariamente (quase nunca é, na verdade) o melhor jeito de criar um filho. Ou pelo menos, segundo os estudos, não é a praticamente mais recomendável para se criar um filho hoje, em 2023.

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É fundamental, portanto, ter a mente aberta e, principalmente, interesse em explorar o inexplorável. Ler, estudar, ouvir. Ouvir, estudar e ler, até que possa formar o seu próprio conceito de certo e errado na hora de pegar o piá no colo. Até este momento, porém, ter a certeza de que no primeiro choro de cólica, tudo é esquecido ou ignorado, e a gente pede socorro pra vó, pro vô, pra internet ou pra vizinha dos cabelos brancos e oito filhos.

Uma das coisas mais interessantes deste universo é o vocabulário. Aprendi o significado de palavras que nunca havia ouvido. E olha que gosto de me gabar de ter um bom conhecimento de cultura geral. Assim como contar o tempo em semanas, habilidade mais bem desenvolvida em mães, a gente aprende o que é mecônio, vérnix, tampão mucoso, puerpério e monte de palavras esquisitas.

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O objetivo deste texto é conhecer um pouco mais delas e explicar em palavras simples os seus significados.

Mecônio

Este danado aqui quase causou complicações no nascimento do Bernardo (falei sobre o nascimento aqui). Mecônio é o “primeiro cocô” do recém-nascido. É o produto da digestão do líquido amniótico. É o resto do que alimentou seu filho durante os últimos meses de gestação. O “combinado” entre o corpo da mãe e do bebê é que o mecônio seja eliminado após o parto (e isso acontece em prestações. Não é numa primeira “cagada” que o mecônio se vai”.

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O problema é quando o bebê evacua pela primeira vez ainda no ventre da mãe. Como o líquido amniótico circula livremente na “casa” do bebê, ele pode aspirar esse cocôzinho e ter uma série de complicações. O Bernardo aspirou pouco antes de nascer, mas por sorte e habilidade da equipe, deu para aspirar tudo e não ficou nada pra prejudicar nosso piá.

Agora, feio mesmo é o aspecto do tal do mecônio. Se você nunca viu, te prepara índio véio. É feio pra cacete, preto, meio verde musgo. Você olha aquilo e pensa que vai “gomitar” na hora, imaginando o fedor daquela massa esquisita. No entanto, não tem cheiro de nada. Só é grudento, parece uma cola. Você vai descobrir quando for trocar as fraldas do seu piá ou da sua guria.

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Abro um parênteses

(Você não vai ficar de frescura do tipo: Aí, quem troca fralda é minha mulher. Eu tenho nojo e bla bla. Meu velho… Vire homem. Toma vergonha. É teu filho (a). Você já meteu a mão e a cara em coisa bem pior).

Fecho o parênteses

Vérnix

O tal do vérnix é uma “sujeira” esbranquiçada que cobre toda a pele do seu filho quando ele nasce. É aquela coisa que você olha inicialmente e pensa: “Meu Deus, tiraram o piá do útero e não passaram nem um lenço umedecido”. Aquilo, que parece um queijo ralado às vezes, é composto por gordura e proteína e é um “escudo” protetor da pele do bebê. Despois do nascimento, ele é absorvido pela pele e desaparece. Não se deve limpá-lo. Por isso, que as vezes o primeiro banho de verdade do bebê acontece só 48h após o parto.

Colostro

É ele que teu piá ou tua guria vão buscar na hora da primeira mamada. É considerado “ouro”. É a primeira secreção da mama, que desce pro peito antes mesmo do parto. É rico em sais minerais, proteínas e anticorpos, essencial para o seu filho começar a vida mais protegido contra infecções. Depois dele, alguns dias, vem o leite. Só aí, com a chegada e digestão do leite, o mecônio, que comentei lá em cima, vira cocô e muda de cor.

Puerpério

É nessa fase que você deve ser um homem de verdade, um pai de verdade. O período, que pode durar em média de 45 a 60 dias (ou muito mais, dependendo de casa mulher), é o velho “resguardo” que nossos avós falavam. As taxas hormonais das mulheres caem muito (progesterona e estrogênio) enquanto o corpo “volta pro lugar”. Aliás, você sabia que o bebê cresce dentro do abdome da sua parceira, num lugar onde tem um monte de órgãos? Eles são empurrados e esticados. No puerpério eles voltam aos poucos pro lugar e formato.

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A libido, via e regra, vai pro espaço e o corpo delas não está preparado para aguentar sua animalesca vontade de retomar as atividades sexuais cessadas nas últimas semanas de gravidez. A mulher já está preocupada demais com a própria recuperação e com o bebê (além de lidar com incômodos sangramentos sem fim) para ter que se preocupar em te satisfazer (porque, via de regra, é com o que os homens se preocupam, o próprio prazer). Tome tento, aquieta o facho e dá apoio pra tua mina neste período. E se resolve sozinho, se achar que não consegue (quem sabe ela até ajuda, se estiver de bom humor).

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E tem muito mais que isso. Quem sabe não fazemos uma parte II deste texto. O importante é que você, pai, tenha interesse em saber o que são essas coisas, pois elas fazem parte do universo da maternidade e, quem sabe um dia, façam também da paternidade. Estamos aqui para ajudar nessa ingrata missão.


Eu sou Eduardo Luiz Klisiewicz, marido da Beatriz e pai do Bernardo.

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