Vamos banir a temporada

Orley Antunes de Oliveira Júnior

Antes de possíveis propostas para a regionalização do turismo no litoral do Paraná, é fundamental aparar as arestas, gerenciar as principais questões paroquiais, resolvendo alguns problemas de ordem local em cada município e partir decisivamente para um trabalho conjunto com todos os setores que desenvolvem algum papel no turismo no litoral. Entendendo-se litoral não só as cidades com praia, mas os municípios do seu entorno que têm roteiros e opções para atrair turistas.

É muito importante a criação de um grupo de trabalho no qual participem os atores do sistema público e privado. Em conjunto devem fazer um diagnóstico, identificar e propor soluções, dentro da realidade do nosso litoral, que através de ações integradas possam transformar a região num bom negócio para todos os setores envolvidos com este rentável filão que é o turismo.

Mas a primeira ação é melhorar a auto-estima da nossa comunidade. É preciso fazê-la acreditar que temos condições para dar a volta por cima, gerando em cada cidadão a confiança para desenvolver um trabalho merecedor de crédito daqueles que vivem vendendo o turismo. Precisamos oferecer a eles a certeza de que os turistas serão sempre atendidos de maneira conveniente, sem que suas empresas corram riscos de ter suas imagens comerciais arranhadas.

A segunda grande ação é abolir definitivamente do vocabulário regional a palavra "temporada". Ela limita de forma drástica as ações desenvolvidas na região. Afinal, qual é a diferença entre o turista comer um delicioso barreado à beira de um límpido rio, um fundi de camarão acompanhado de uma deliciosa cachacinha artesanal à beira do mar, numa praia ou numa ilha num dia chuvoso de inverno, ou fazer a mesma coisa sem o som do mar ou o bucolismo da beira de um rio numa das cidades serranas em outros estados?

Esse procedimento é que vai dar ao litoral paranaense a identidade turística necessária para que o negócio turismo seja tratado profissionalmente. Devemos ter completo domínio de nossos problemas e a convicção de que conhecemos nossos pontos fortes – e também os fracos – e a partir daí buscar soluções. Porém é básico ter paciência de entender que se os turistas não aparecerem imediatamente não se deve mudar a rota, porque seguramente eles virão com o tempo e o trabalho. Como diz o Helder, o prefeito de Morretes: "A paciência sabe recompensar quem espera por ela".

Orley Antunes de Oliveira Júnior é ex-secretário de Turismo de Morretes.