Confiança, a gente não vê por aqui

Está tudo misturado, mas é preciso separar o joio do trigo. Parece ser esta a realidade brasileira, quando se tenta analisar a quantas anda a política nacional. E, principalmente, a que caminhos a atual administração da nação está nos levando. Há bons índices que demonstram recuperação da economia e, em alguns pontos, até algum tímido otimismo. Mas tudo isso acaba atropelado pelas presepadas do presidente e sua turma.

Aqui na Tribuna não temos dúvidas de que o ambiente merece confiança. Todas as curvas econômicas sinalizam que teremos um ano melhor que os últimos. Desemprego ainda é alto? Sim, mas está diminuindo. Inflação 2017 fechou até abaixo da meta do governo, como há muito não se via.

Nossa balança comercial, diferença entre tudo o que vendemos e compramos mundo afora, fechou 2017 positiva US$ 67 bilhões. É o melhor resultado desde 1989.

Atitude

Mas e aí; por que não estamos comemorando tanto? Porque o mesmo governo que diz estar trabalhado por esses resultados insiste em nomear para um ministério importante a filha de um dos condenados mais célebres do escândalo do mensalão. Nem mesmo o currículo da moça é tão limpo como deveria.

Porque esta mesma administração prometeu dispensar qualquer assecla, independente do escalão, que fosse denunciado numa das tantas operações de combate à corrupção em curso. E não está cumprindo.

Nesse jogo, a máxima do “faça o que eu digo, e não o que eu faço” não vale. Uma das principais regras dessa guerra é a confiança. Do povo nos seus governantes. E isso está muito abalado, com índices baixíssimos, numa curva que resiste apontar pra cima.

Num cenário assim, de nada adianta a inflação chegar a zero, empregos surgirem aos montes e dólares sobrarem na nossa conta internacional se malas de dinheiro continuarem a ser flagradas em porta-malas e apartamentos abandonados. Se a justiça continuar sendo desrespeitada. Muitas vezes pela própria justiça.

O povão precisa acreditar. Não apenas em números e relatórios de grandes corporações financeiras. Mas no olhar e nas atitudes de quem está lá em cima, assinando cheques e leis.