Com a Zika atrás da orelha

Quem beijou na boca no Carnaval está preocupado. Sim, leitor, estou falando do Zika Vírus. Não dá outra coisa no noticiário, mas é que desde que encontram o dito cujo na saliva e na urina não há como deixar o assunto passar batido.

E quem transou sem camisinha então tem mais um problema para se preocupar. Não bastasse o cipoal de doenças sexualmente transmissíveis (Aids incluída) que é possível contrair numa relação sem o devido uso do preservativo, agora também o momento de amor pode se tornar zicado. A que ponto chegamos!

Pesquisadores se apressam em dizer que o fato de o Zika Vírus estar na saliva e na urina não quer dizer que seja possível transmitir a doença por estas vias. Mas ao mesmo tempo deixam no ar que não é impossível que isso ocorra.

Esta situação que estamos vivendo mereceria uma emergência nacional, não há dúvida. Mas do jeito que anda a credibilidade dos governos, está cada vez mais difícil mobilizar a população para campanhas sérias. Em parte isso ocorre por pura falta de referência.

Os governantes deveriam servir de espelho, mas são useiros vezeiros em produzir maus exemplos, seja por corrupção, leniência ou incompetência. Ou tudo isso junto. Agora mesmo faltou coragem para maioria dar um breque no samba e destinar a grana gasta no Carnaval em ações de saúde, mas raros agiram assim. A maior parte dos políticos reza pela velha e surrada cartilha de dar circo para o povo.

E o povo faz a sua parte? Na questão da dengue temos visto que muitos não atentaram para gravidade do problema. Há poucos dias numa vistoria aqui no Paraná encontraram larvas de dengue no quintal de uma senhora. Ela já tinha contraído a doença quatro vezes e pelo jeito está a caminho da quinta.

Vamos ter que nos reeducar na marra. O mosquito Aedes Aegypti não é apenas um inseto: ele é uma arma química sofisticada. Este bicho carrega consigo a possibilidade de afetar os humanos com cinco doenças. Cinco? Não era ‘só‘ dengue, Zika Vírus e Febre Chikungunya? Era… Já se sabe que o Zika Vírus causa microcefalia em bebês – as sequelas geralmente causam deficiência mental -, e também pode provocar a Síndrome de Guillain-Barré, uma doença neurológica que paralisa os membros do corpo gradativamente. E pode acometer adultos também.

Quando os governos vão enxergar a real dimensão do problema é uma incógnita. Não se iludam: combater o mosquito é uma tarefa que depende de nós. E não basta só fazermos a nossa parte, não deixando brechas para criadouros desta praga. Temos que convencer os outros da importância de encampar esta missão. Isso porque do criadouro do seu vizinho, pode vir o mosquito que vai picar você!

Miguel Ângelo de Andrade é jornalista.