Com pai e filho no balcão, Bar do Cardoso ganha fama de Rei do Torresmo em Curitiba

Pai e filho. Uma união perfeita da relação que avançou do balcão para a churrasqueira, servindo aos clientes o mais famoso torresmo de Curitiba. Bar do Cardoso, na Cidade Industrial, é reduto familiar, ponto de risadas e provocações sadias como em qualquer boteco. Um ambiente especial que agrada no paladar e na alma. 

Fundado em 1983, o bar do Cardoso é boteco raiz. Na entrada, caricaturas que definem perfeitamente o dono, um homem simples que batalhou durante toda a vida para proporcionar melhores condições aos filhos e a esposa que faleceu há seis anos. Ao entrar no bar, percebe-se que a alegria de estar ali é contagiante, pois todos os colaboradores, ou mesmo familiares, estão sempre rindo ou tirando uma onda com alguém. 

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O grande responsável tem a experiência e a vivência. Um senhorzinho baixo e cabelo branco com sorriso fácil. José Antônio Cardoso Filho, 82 anos, natural de Tijucas, em Santa Catarina, é referência de que a persistência e a humildade caminham juntas em prol da família. 

“Vim para o Paraná em 1951, com 10 anos ao lado do meu pai José Antônio e da minha mãe Lindaura, e mais três irmãos. O pai trabalhava no Curtume Glória no Centro Cívico, e eu estudava no Instituto São José. Naquele tempo, os jovens começavam a trabalhar cedo, aos 11 anos, já estava no batente. Retornei para Santa Catarina, mas quando adulto fiz minha vida aqui em Curitiba”, relembrou Cardoso. 

Ao retornar para a capital paranaense, Cardoso trabalhou em loja de móveis e se aventurou como dono de pensão para homens no Centro. Ao vender o pensionato, comprou uma casa na Cidade Industrial de Curitiba, divisa com o bairro Orleans. Com sangue de vendedor e tendo que sustentar a família, decidiu em 1983, abrir um bar no terreno de casa.

“Montei um bar pequeno e morava no fundo. Tinha pebolim, sinuca e um balcão frigorifico. A esposa Adelina fazia bolinho de carne, costelinha de porco frito e franguinho. Os clientes gostavam e fomos crescendo”, disse Cardoso.

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Rei do torresmo em Curitiba

No Bar do Cardoso, a parte que inclui o balcão e o piso com cacos cerâmicos vermelhos, amarelos e pretos faz parte da ala antiga do boteco, onde o cenário é de pura integração com uma mesa redonda perfeita para boas histórias. Aliás, o piso é belíssimo, historicamente popular das décadas de 1940 e 1950 em que as pessoas pegavam refugos dos cacos e iam montando nas casas.

Falando em causos, quem muito escutou conversa fiada e talvez algumas mentiras de boteco foi o Alexandro Cardoso, 45 anos, filho do Cardoso. Com cinco anos de idade, andava e brincava no boteco, sem imaginar que um dia estaria ao lado do pai no balcão. 

Foi Alexandro em 2015, que iniciou uma revolução no bar. Quebrou paredes e abriu a possibilidade de aumentar a freguesia com carne assada, sem esquecer da essência de boteco. Costela, alcatrão, frango e outras cortes foram entrando no cardápio, mas a explosão de sabor veio com o porco. Além disso, conta com a colaboração de uma verdadeira seleção ( Adriano Fontinele, Marco Pelepenco, Cailany Gomes, a irmã Rosali Cardoso e Bruna Cardoso, neta do fundador).

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Para servir o torresmo com excelência nas quintas e sextas-feiras, e garantir a fama do Rei do Torresmo de Curitiba, Alexandro não mediu esforços para encontrar o melhor produto. “Compro no frigorífico Santo Antônio, em Santa Felicidade. Eles sabem o meu gosto, seja no corte e tamanho. Ela é mais carnuda, menos gordura. Deixamos 48 horas no tempero caseiro, depois ela é enrolada e assada em média por três horas, frita no óleo de algodão e banha de porco para deixar 100%”, comentou o filhão do Cardoso que chega a vender em dois dias 50 a 70 quilos de torresmo aos clientes. E olha que antes da pandemia da Covid-19 batia 120 quilos. 

O sucesso da pururuca atrai moradores da região e mesmo aqueles de longe. Um cliente bem conhecido é o apresentador Ratinho, pai do governador Ratinho Junior. Nas redes sociais, é fácil encontrar imagens do famoso com o Cardoso e Alexandro. “Ele conheceu por intermédio das funcionárias dele. Ele veio e gostou bastante”, afirmou Cardoso. Outro que curtiu foi o Derico, saxofonista que trabalhou com Jô Soares quase 30 anos.

E o futuro?

A ideia do Alexandro não é ter outro ponto maior ou mesmo mais bonito. A referência no pai que fez história e construiu uma família na base do amor e da simplicidade percebe-se no olhar e nas palavras de reconhecer o trabalho do filho. “Eu cheguei aqui aos trancos e barrancos, minha infância não foi fácil, vida simples. Meu pai tinha muto créditos e pegava fiado nos armazéns. Eu não esqueço de um dia que não tinha nada para comer, e uma prima deu um pacotinho de carne de porco. A vida é assim, é preciso valorizar. Hoje eu levo a fama, mas o filho é que trabalha”, brincou esse grande homem que Curitiba bate palmas. Viva o Bar do Cardoso, o Rei do Torresmo!

Bar do Cardoso

Endereço: Rua Padre Antonio Joaquim Ribeiro, 100 – Cidade Industrial de Curitiba, Curitiba

Funcionamento: Terça a sexta das 17h30 até 23 horas. Cada dia da semana tem a especialidade. Costela no rolete ( terça), carneiro e carne de onça ( quarta), quinta e sexta (torresmo). Todos os dias tem assado de tira, T-bone e alcatrão. Acompanhamentos: arroz, maionese, salada e farofa.

Domingo com assados das 11 horas até 15 horas

Instagram: bardocardoso__

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O Bar do Cardoso foi uma ótima sugestão da Telma Guerreiro e do Fabio Aguayo, que mandaram mensagens falando da qualidade do boteco. Acesse o Instagram do Caçador de Botecos e vamos combinar uma caçada do bem. Siga lá!

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