Bar do Edmundo, da pipoca ao bucho à milanesa mais famoso de Curitiba

Foto: Gustavo Marques/Tribuna do Paraná.

Da pipoca ao bucho à milanesa mais vendido em Curitiba. A história dos suecos Stromberg na movimentada Avenida Erasto Gaertner reforça que honestidade, trabalho e família são pilares para o sucesso. O Bar do Edmundo, fundado em 1965, no bairro Bacacheri, é ponto de encontro daqueles que apreciam o bom e velho boteco. 

Próximo de completar 59 anos, o Bar do Edmundo tem no comando o José Edmundo Stromberg, filho do Edmundo e da Maria Mendes. O casal já falecido deixou um enorme legado, a iniciar com os 10 filhos que tem a inicial do nome a letra J: João, Janine, Joel, Jonas, José, Jacinta, Jairo, Janete, Jarbas e Joares. 

O Edmundo era pipoqueiro na década de 1960 em Curitiba, a Avenida Erasto Gaertner era de paralelepípedo e tinha o Aeroporto do Bacacheri como atração. Vale reforçar que naquela tempo, o trecho era o caminho principal dos caminhoneiros rumo a São Paulo. “Ele pegava o carrinho depois do almoço e ia até o Juvevê, e na tardezinha pegava os colégios na volta. Tinha o costume de parar no Zonta, um comércio pequeno. Certo dia, fizeram uma negociação rápida, e virou dono de bar. No mesmo dia, a mãe preparou bolinho de carne e quibe”, relembrou José Edmundo, na época um piá com 10 anos de idade. 

Nos primeiros dias abrindo as duas portinhas às 5 horas da manhã vendendo café aos caminhoneiros, notava-se que o prosperidade seguiria no rumo. Um cliente, morador do bairro Água Verde, daria uma “mãozinha” que mudaria a história da família Stromberg com uma sugestão, o bucho. 

Um açougueiro chamado André costumava comprar em um frigorífico tradicional da Erasto. Ao conversar com a Dona Maria, ele comentou que a esposa fazia bife de bucho à milanesa. “Ele aconselhou a mãe a fazer e ela fez. Colocou na estufa do bar e as pessoas comiam com pão. O bucho esticava todo. No fim do dia,  a clientela pedia o bucho no pratinho. Forrava de gente na calçada, o prato passava de mão em mão, aí pegou na boca da turma como o bar do bucho”, relembrou José Edmundo que assumiu o bar em 1984, já no atual endereço que serviu de residência para a família. 

O bucho mudou?

Sim, na opinião do especialista e da lei. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) liberou através da portaria n. 235/1996 o uso do peróxido de hidrogênio como coadjuvante de tecnologia para branqueamento de estômago, bucho, tripa e mocotó bovino. 

Segundo o José Edmundo, o gosto foi alterado mesmo com o uso de temperos na preparação. “O bucho é estômago e o modo de preparo mudou. Ele vinha meio esverdeado devido ao capim que o boi comia e era complicado lidar. Precisava ferver, lavar, raspar e quando cozinhava soltava um cheiro de cocô de vaca. Hoje ele chega branquinho e perdeu o gosto original. Eu prefiro o antigo”, comentou o nosso especialista que compra em média 250 quilos de bucho no frigorífico Argus, em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba.

“Antigamente eram 500 quilos, o cardápio do bar é maior hoje em dia e os clientes variam mais os pedidos. Quando a pessoa chega, e faz o pedido do bucho, perguntamos se ela conhece e damos uma provinha. Tem gente que não gosta quando experimenta, e fica chato deixar o prato cheio”, comentou José. 

Na receita do Bar do Edmundo, são três horas de cozimento, limpeza e preparo com sal, alho e páprica defumada. 

“O bar é meu oxigênio”

Ao entrar no Bar do Edmundo é impossível não sentir a famosa energia de boteco. Com as paredes nas cores laranja e preta, mesas e cadeiras de madeira, balcão com conservas, quadros com cenas de filmes e esportes compõem a decoração com fotos dos familiares. Um deles é especial, retrata um passeio do pai Edmundo e da mãe Maria Mendes cercada pelos filhos.

“O bar é meu oxigênio, não consigo pensar em aposentadoria. A socialização é o mais importante, ajuda a evitar a depressão e faz a cabeça trabalhar.  “Trago do meu pai esse ensinamento, ele era meio rude, mas ensinou como ninguém a forma de atender o cliente. A gente conversa, atende e vive. Saber o nome é importante, digo que o atendimento começa antes da comida chegar na mesa”,  valorizou José que teve na Rua México, também no Bacacheri, o segundo Bar do Edmundo entre 2012 e 2018. 

No cardápio, além do bucho a milanesa, opções em frutos do mar ( dica é a casquinha de siri e o camarão abraçadinho) e a pururuca no baldinho.

 Futuro vai ser na pipoca? 

O retorno ao mundo da pipoca como fez o pai Edmundo não está descartado. “Quem sabe não vendo. Não descarto, meu pai vendia tudo e me ensinou muito. Imagino que meus filhos Sigreth e Klaus logo estarão seguindo esse caminho. A fruta não cai longe do pé”, completou o homem que mais vende bucho em Curitiba, e que na época do jogador Edmundo falava para as crianças que iam no bar que havia ensinado o atleta a jogar bola. 

O futuro é incerto para todos, o que ficou para a história de Curitiba é que bucho é com a família Stromberg. “De boteco e bucho eu conheço muito”, completou José Edmundo, o craque animal do Bacacheri.

Bar do Edmundo

Av. Pref. Erasto Gaertner, 1764 – Bacacheri

Horário de Funcionamento: de Segunda a Sábado das 18 horas até 23h30 

Instagram: bar.edmundo

Foto: Colaboração.

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