Realismo

O imortal Ariano Suassuna escreveu que “o otimista é um tolo. O pessimista, um chato. Bom mesmo é ser um realista esperançoso”. Concordo: o otimismo disfarçado é um grande mal. Se é exposto porque as circunstâncias exigem, é uma desgraça. Quando imaginava que o Campeonato Paranaense tinha recuperado o seu rumo, com a influência direta da televisão, volta a ser jogada a graça perdida. Nos Atletibas que decidiram o campeonato de 2016, a população de Curitiba ficou paralisada frente a tevê. Bem resumida, eis a grande verdade: o Estadual vai começar muito sem graça.

Sem televisão, Atlético e Coritiba se isolaram, esvaziando o resto (que era pouco) de prestígio que restara do Estadual. O Furacão, mais ainda, porque tem coisa muito mais importante a fazer: submeter o campeonato, que há muito lhe é indigesto a uma forçada obrigação legal, para dar prioridade a Libertadores da América.

Um dos grandes motivos por essa carência está na atuação da Federação Paranaense de Futebol. O seu presidente Hélio Cury é fraco como dirigente. O seu preparo é limitado ao de futebol de suburbana, e por isso não acompanha a evolução do futebol profissional. Reduzindo quase a zero a confiança na condução de atos importantes, só atrapalha.

E aí os clubes, a exceção de Atlético e Coritiba concorrem com culpa para esse estado de coisas. Transferem poderes para um incapaz para negociar valiosos direitos, ao invés de prestigiarem os dois fios condutores desse Estado. Se os dez clubes dessem poderes para Atlético e Coritiba negociarem o valor da cessão dos direitos de televisão, afirmo que não precisariam jogar por 30 moedas.

Eis outra grande verdade: vai começar o campeonato de 30 moedas.

Tempo

Não sei se dará tempo para o Atlético se arrumar melhor para os jogos contra o Millonarios, de Bogotá. O jogo contra o Peñarol deixou dúvidas maiores do que aquelas esperadas por ser início de temporada. Dar ordem a um time em torneios sem expressão como o Estadual é uma coisa; ordená-lo em uma Libertadores, cuja disputa é eliminatória, é outra. O que o treinador Paulo Autuori de imediato precisa resolver é o problema da meia que a dispersão de Lucho González cria. O fato de ter experiência em Libertadores esvazia-se diante da sua carência física.

Com Carlos Alberto no meio, não há qualquer motivo que justifique a insistência com Lucho.