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A história de um clube não é escrita só com as suas vitórias, com as suas conquistas e com os seus ídolos. Há derrotas expressivas que criam marcas que o próprio tempo não tem a capacidade de apagá-las.

A história do Atlético passa por uma derrota: a perda do bicampeonato brasileiro em 2004. Apenas para lembrar: para ser bi, era o bastante para o Furacão ganhar seis pontos em nove contra o Grêmio, já rebaixado, contra o Vasco, já sem chances, em São Januário, e contra o Botafogo, um dos últimos, na Baixada. Ganhou apenas dois, oferecendo de bandeja o título para o Santos.

Não foi a perda do título em si que frustrou, mas a forma como ocorreu. O Atlético ganhava do Grêmio, em Erechim, por 3×0 até aos 25 minutos do segundo tempo. Mas, aí, apagou.

Com um comando técnico inseguro, não soube controlar o tempo, os nervos e o estrelismo de Washington “Coração Valente”, que querendo ser o maior artilheiro de um único campeonato, exigia que os meninos Fernandinho e Jádson lhe dessem todas as bolas, perturbando-os. Aproveitando-se da vaidade de Washington e da saída de Dênis Marques, que lhe mantinha no campo de defesa, o Grêmio, incentivado pelo Santos, passou a atacar. E, aí, começou o esquisito jogo do goleiro Diego: três bolas, três falhas e três gols do Grêmio: 3×3.

O empate 3×3 fez o Atlético perder o rumo e perder o bi.

O técnico do Furacão era Levir Culpi.

Dirão que é passado. Então aprendam com o gaúcho Mário Quintana: passado não reconhece o seu lugar: está sempre presente. Tinha razão: há fatos que por mais que se tornem remotos sempre voltam, às vezes, com a mesma intensidade como se fizeram.

Levir, amanhã, com o Galo, estará de volta à Baixada.

Depois de dez anos, qual seria a sua versão para a desgraça de Erechim?