Fatos e coincidências

Atlético e Coritiba saíram bem da rodada, mas não têm muito o que comemorar: entre as circunstâncias dos jogos, a arbitragem interveio a favor de ambos

Aos trancos, como havia ganhado do Galo, o Atlético ganhou do Goianiense, também por 1×0, também, com gol de Sidcley. A diferença é que lá em Belo Horizonte foi no fim e casual, e em Goiânia foi no início quase sendo virado do avesso pelo treinador Baptista para manter a vitória.

Mas há outras diferenças na vitória de Goiânia: o brilhantismo tático dos 15 minutos iniciais, quando além do gol de Sidcley, a chance de gol jogada fora por Grafite, o auxílio do árbitro, que no lance seguinte ao gol, não marcou o pênalti de Wanderson, e, por fim, ainda no primeiro tempo, a sorte que empurrou para a esquerda, a bola do pênalti marcado, quando Weverton caía para o canto direito. Poderia ser relevante o milagre do goleiro do Brasil, que salvou a bola no chão, mas deixa de sê-lo, por ser natural.

No final, a velha lição ensinando que futebol se faz de fatos e não de coincidências. Com Wanderson na zaga no lugar de Paulo André, Deivid no meio no lugar de Lucho González e Sidcley jogando pela meia, o Atlético voltou a ganhar.

O Coritiba não ganha há três jogos, mas também não perde.

A regularidade como benefício acaba no momento de se investigar a sua razão, porque há um fato, embora tenha cara de coincidência: contra o Botafogo, não houve o pênalti em Rildo, que serviu para evitar a derrota. Contra o Bahia, foi escancarado o pênalti de Kléber, que o derrotaria. Ontem, contra o Corinthians, só o assistente viu impedimento no gol de Jô, que àquela altura significaria a derrota.

O Coritiba não jogou mal, longe disso. Dentro da sua reduzida qualidade, no segundo tempo, teve o domínio e a chance de gol que Henrique Almeida perdeu. Pressionou tanto, que restou ao Corinthians apenas a opção do contra-ataque. Definitivamente, por dominar e não chegar ao gol, os coxas precisam enfrentar o grande problema: quando há equilíbrio tático, a solução individual que se reclama, não existe. Com Anderson fora, o time de Pachequinho não tem nenhum jogador diferente.

Pelas circunstâncias, o empate foi um bom negócio, num jogo que mostrou a cara do campeonato: líder e terceiro colocados erraram 90 passes.

Quando escrevo, ainda não há um boletim médico informando se houve ou não a morte do torcedor corintiano, em razão da agressão praticada por uma das gangues de arquibancada.

O que ocorreu ontem, independente do seu final, confesso que se tornou irresistível a proposta de fazer jogos de torcida única. Não só pela existência das gangues, mas, também, pela incompetência da segurança pública para projetar e executar a prevenção.

Em matéria de segurança, também, não existe coincidência. Existem fatos.