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Pedir comida por delivery é seguro? Veja como se proteger do coronavírus

Foto: Freepik

Com o fechamento de salões de restaurantes como medida preventiva para conter o avanço do novo coronavírus, o delivery se tornou ainda mais presente na vida dos brasileiros. A questão da transmissão do vírus em superfícies e embalagens, porém, é uma das dúvidas do consumidor. Não existe nenhum registro de contágio por alimentos ou embalagens, mas é preciso alguns cuidados para reduzir qualquer risco.

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“O vírus se multiplica no hospedeiro vivo, que é o ser humano, e aí se instala na garganta, nas vias aéreas”, esclarece Bruna Zanette, nutricionista especializada em qualidade de alimentos.

Segundo um estudo das universidades da Califórnia, Los Angeles e Princeton, publicado na New England Journal of Medicine em março, o vírus pode ser detectado por até 72 horas no plástico e por 24 horas no papelão. Isso significa que, no decorrer do tempo, a estrutura do vírus se degrada e a quantidade de vírus ativo diminui. O risco se encontra em manusear uma embalagem contaminada e, desavisadamente, tocar o rosto, coçando olhos ou nariz ou manuseando comida sem lavar as mãos.

“Para haver contaminação, o entregador precisaria estar contaminado e, caso isso acontecesse, ele já estaria afastado das suas funções”, observa Jaime Rocha, médico infectologista responsável pela Unimed Laboratório. “O delivery não deixa de ser seguro, mas exige cuidados especiais”, completa. As medidas são simples: lavar as mãos antes e depois de manusear embalagens e higienizar as embalagens que serão guardadas.

Outra medida preventiva é o distanciamento social, não apenas ao receber o pacote de delivery: manter pelo menos um metro de distância entre as pessoas fora de casa.

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Para evitar um contágio por embalagens possivelmente contaminadas, a recomendação é lavar bem as mãos, transferir os alimentos do delivery para um recipiente limpo, descartar as embalagens, desinfetar a superfície em que esteve apoiada a embalagem (pia ou mesa, por exemplo) e lavar as mãos novamente antes de comer. “O delivery é uma alternativa ao isolamento social, recomendado neste momento”, recomenda o infectologista.

Campanha tripla

A maior plataforma de delivery do Brasil, o Ifood, tem mais de 140 mil restaurantes cadastrados e desde o início de março passou a distribuir conteúdo com recomendações de cuidados para restaurantes, entregadores e clientes. “Nossa equipe começou a se reunir para entender os impactos da Covid-19 nos negócios desde o final de fevereiro”, disse Bruno Montejorge, diretor de Comunicação Institucional e Sustentabilidade do iFood.

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Como medida preventiva, o Ifood lançou materiais informativos para restaurantes, entregadores e clientes. Para as cozinhas profissionais, as principais recomendações foram redobrar os cuidados de higiene e limpeza de utensílios e superfície de trabalho. “Água e sabão já resolvem”, indica a campanha.

“As embalagens devem ser mantidas protegidas em caixas plásticas fechadas e limpas ou em saco plástico transparente e limpo, assim o risco de contaminação é baixa. A saúde dos manipuladores que preparam os alimentos é o mais importante”, afirma a nutricionista.

Servir carnes ou outros ingredientes de origem animal crus (como ovos e leite) ou carnes mal passadas é desaconselhado neste momento, pois sem passar por cocção os micro-organismos sobrevivem. Por fim, os restaurantes são aconselhados a lacrar bem as embalagens.

Para os entregadores, lavar as mãos com água e sabão sempre que possível ou desinfetá-las com álcool gel. “O Ifood orienta os entregadores a higienizar sempre que possível a caixa de transporte, com desinfetante ou álcool 70% por fora e uma solução de bicarbonato de sódio e vinagre por dentro”, esclarece Montejorge.

Para os clientes, o recomendado é imediatamente transferir a comida para outro recipiente e descartar as embalagens, lavando as mãos a cada etapa. Para diminuir ainda mais os riscos de contágio entre cliente e entregador, o Ifood incluiu a opção de entrega sem contato, em que um local é combinado para deixar o pacote.

Rotina e história

As cozinhas profissionais têm como rotina procedimentos de limpeza da infraestrutura ao fim do dia e higienizar e desinfetar ingredientes em ambiente separado da manipulação e preparo da comida – alimentos de origem animal, por exemplo, não são manipulados junto de vegetais para evitar contaminação cruzada. A alta temperatura da cocção mata os micro-organismos, incluindo vírus e bactérias.

Segundo o Serviço de Inspeção e Segurança Alimentar do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA na sigla em inglês), não há evidências de transmissão do novo coronavírus por alimentos ou por embalagens de alimentos, assim como outras doenças respiratórias causadas por vírus também não foram transmitidas dessa maneira em outros momentos.

Recomendações da Secretaria de Saúde de Curitiba para os serviços de delivery

Para reforçar os cuidados contra o novo coronavírus, veja as orientações divulgadas na segunda-feira (30) pela Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba. As orientações são para clientes e trabalhadores de serviços de delivery.

Para quem pede comida:

  • O pagamento de conta pelo cliente deve ser realizado, preferencialmente, por aplicativo ou site. Não sendo isso possível, preferencialmente por aproximação ou via cartão de crédito ou débito, em que o próprio cliente deve manusear o cartão ou celular.
  • Assim que receber o produto, o consumidor deve primeiro higienizar as mãos, logo em seguida descartar saco ou sacola que envolva o produto, higienizar as mãos novamente e só então consumir o alimento.

Para os entregadores:

  •  É preciso que os entregadores mantenham distância de 1,5m de demais entregadores e demais funcionários dos restaurantes, enquanto aguardam os pedidos serem elaborados. 
  • O entregador deve higienizar as mãos com álcool gel 70% antes e depois de cada entrega. 
  • Na hora da entrega, manter o maior distanciamento possível.
  • Em condomínios, a orientação é para que as entregas sejam realizadas na portaria, evitando-se acesso e circulação dos entregadores nas áreas comuns. 
  • As empresas de delivery devem dar aos funcionários e entregadores acesso fácil a pias providas com água corrente, sabonete líquido, toalhas descartáveis, lixeiras com tampa acionada por pedal, além de frascos com álcool 70% gel.
  • É preciso intensificar a limpeza das sedes dos deliveries com água e sabão ou produto próprio para limpeza.
  • A máquina de pagamento dos pedidos deve ser constantemente higienizada pelo entregador com produto próprio de limpeza.
  • Funcionários e entregadores com sintomas respiratórios devem ser afastados e orientados a seguir isolamento domiciliar por 14 dias.
  • O funcionário com sintomas como febre alta e falta de ar e que tenha viajado ou tido contato com quem viajou ao exterior ou estados com transmissão comunitária deve realizar isolamento domiciliar e procurar orientação pelo 3350-9000.