Lançamento

Cientista paranaense que ajudou a criar base na Antártica ganha biografia

Para comemorar o centenário de Metry Bacila, um dos maiores cientistas que atuou no Brasil, a Universidade Federal do Paraná (UFPR) realizará um evento solene no Prédio Histórico da instituição (localizado na Praça Santos Andrade) nesta quarta-feira (22), às 18h. Na oportunidade, será lançada a biografia de Bacila, escrita pelo jornalista Diego Antonelli e intitulada “O professor que descobriu a Antártica: vida e obra de Metry Bacila”.

Também serão lançadas duas obras póstumas – Cartas da Antártica e Poemas do Tempo Zero. O evento, organizado pela Reitoria da UFPR, será realizado no Salão Nobre do Setor de Jurídicas da universidade.

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Formado em Medicina pela então Universidade do Paraná em 1946, foi o primeiro paranaense a ocupar uma cadeira na Academia Brasileira de Ciências, em 1959. Bacila colocou para sempre seu nome entre os mais consagrados pesquisadores do Brasil. Ele, inclusive, é um dos profissionais brasileiros mais citados em publicações no exterior. Natural de Palmeira (PR), Bacila foi o criador do Instituto de Bioquímica da UFPR e o responsável por implantar os primeiros cursos de mestrado e doutorado na instituição;

No mesmo ano que obteve o diploma de Medicina, Metry ainda colou grau em doutorado ao defender a tese “Contribuição ao Estudo do Fator Rh em Curitiba, pela qual recebeu o prêmio “Raul Leite” de melhor tese de doutorado de 1946.

A atuação de Metry Bacila não se restringiu ao Paraná. Foi ele um dos precursores do Instituto de Química na Universidade de São Paulo, onde integrou o corpo docente, a exemplo da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), onde ajudou a fundar o curso de Medicina.

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Realizou seu primeiro estágio de pós-doutorado no Instituto de Investigaciones Bioquímicas de Buenos Aires, em 1947, quando estagiou com Luis Federico Leloir, ganhador do Prêmio Nobel de Química de 1970 e Bernardo Houssay, que havia recebido o Prêmio Nobel de Medicina naquele mesmo ano. Depois disso teve diversas passagens por universidades americanas, além de ter atuado como conferencista em inúmeros países da Europa, Ásia e América.

Pesquisa na Antártica

Ainda foi responsável pela inauguração do Centro de Biologia Marinha da UFPR, em Pontal do Sul. Nos anos 80, Metry Bacila foi integrante pioneiro do Programa Antártico Brasileiro. Em 1984, chegou a participar da III Expedição Antártica Brasileira, quando, liderando o grupo de pesquisa da área biológica, é um dos pesquisadores a inaugurar a Estação Antártica Comandante Ferraz, base de pesquisa brasileira no continente. Também participaria da IV e V Expedições Antárticas Brasileiras nos anos seguintes

Entre seus muitos feitos estão ainda a autoria ou participação em diversos livros e estudos científicos, que lhe valeram sucessivas honrarias. Em 1997, foi homenageado pelo Conselho de Medicina do Paraná na passagem do seu Jubileu de Ouro na profissão. Também foi membro da Academia Paranaense de Medicina, da Academia Paranaense de Letras e da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência.

Algumas descobertas           

Uma das suas principais pesquisas refere-se à descoberta de uma enzima (a ‘galactose oxidase’) em tecidos animais, que, posteriormente, cientistas australianos descobririam possuir propriedades anticancerígenas. Durante a década de 1970, desenvolveu estudos sobre a extração de etanol de leveduras deficientes respiratórias, que impactariam no desenvolvimento do uso do álcool como combustível.

Sua produção científica soma cerca de 450 artigos publicados em periódicos nacionais e internacionais e a autoria de mais de dez livros, entre os quais o primeiro livro-texto de Bioquímica publicado no Brasil, escrito em coautoria com os professores Gilberto Villela e Henrique Tastaldi, em 1961.

Também publicou o livro Cartas da Antártica, em 1985, no qual narra o período de pesquisa científica passado na Estação Antártica Comandante Ferraz. Metry ainda orientou cerca de 50 dissertações de mestrado e teses de doutorado. Em 1999, apareceu em uma publicação do jornal Folha de São Paulo como um dos cientistas brasileiros mais citados no exterior.

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