Violência silencia inocentes

O ano mal começou e moradores de Curitiba e municípios vizinhos já amargam a violência desenfreada, que infelizmente atinge um número cada vez maior de inocentes. A realidade paranaense, antes considerada distante da vivida nos morros cariocas, mudou. No terceiro dia de 2005 duas pessoas morreram, vítimas de balas perdidas. Depois de permanecer 57 dias internado, Ogacir de Paula Júnior, 13 anos, morreu no início da madrugada de segunda-feira. Enquanto o garoto estava sendo velado em sua casa, no bairro Fazendinha, outra pessoa perdia a vida, vítima da mesma tragédia. Eliane Cristine Gonçalves Silva, 20, foi baleada dentro de sua casa em Colombo, durante uma troca de tiros entre marginais que acontecia na rua.

A Secretaria de Estado da Segurança Pública informou que não possui estatísticas sobre casos de balas perdidas, uma vez que seria difícil analisar precisamente se o tiro foi proposital ou acidental. Porém, os casos registrados pela imprensa nos últimos anos revelam um crescimento preocupante no número de mortes acidentais. Em 2001 foi noticiada uma vítima de bala perdida, em 2003 o número subiu para quatro e no ano passado foram computados 12 casos, incluindo o de Ogacir, pelo fato de ele ter sido baleado no dia 6 de novembro de 2004.

Punição

De acordo com o delegado titular da Delegacia de Homicídios, Luiz Alberto Cartaxo de Moura, há pelo menos seis punições específicas para esse crime. Quando é efetuado um disparo com o objetivo de matar alguém, mas a bala tira a vida da pessoa errada, o autor responde por homicídio doloso, uma vez que houve a intenção de morte. A pena para este crime pode variar entre 6 e 30 anos de reclusão. Outra situação é quando o tiro é dado para o alto, com a intenção de assustar, e acaba atingindo fatalmente um inocente. Neste caso, trata-se de homicídio culposo, sem a intenção de matar, cuja punição pode ir de 1 a 3 anos de prisão. Porém, o delegado lembra, que quando se dispara para cima em meio a uma multidão, o autor tem consciência que pode atingir uma pessoa, e caso isso aconteça, caracteriza-se homicídio doloso.

Durante um assalto, se o bandido atira mas mata a pessoa errada, ele irá responder por latrocínio (roubo seguido de morte), uma vez que seu objetivo era roubar e depois tirar a vida da vítima. A pena para este crime vai de 12 a 30 anos de reclusão. Se o autor atira a esmo e não acerta ninguém, ele pode responder por disparo de arma de fogo, o que pode lhe render até 4 anos de prisão. Por fim, quando a pessoa dispara com a intenção de matar, e fere outro, ela responde por lesão corporal gravíssima, que pode lhe render de 2 a 8 anos de reclusão. "Muitos não sabem que quando um tiro é dado para cima ele pode matar da mesma maneira. Mesmo considerando o deslocamento do vento e a resistência do ar, a bala em algum momento vai cair e com a mesma intensidade que subiu", finalizou Cartaxo.

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