Um morto e três feridos em tiroteio no Bigorrilho

Tiroteio, no início da manhã de ontem, deixou um assaltante morto, e um policial, um pedestre e outro ladrão feridos, após assalto à loja de departamento que funciona ao lado do posto de combustíveis da Rua Padre Agostinho, entre as ruas Cândido Hartmann e Desembargador Otávio do Amaral, Bigorrilho.

O segurança do posto, Rogério Adriano dos Santos, 27 anos, suspeito de ser cúmplice dos bandidos foi preso por policiais da Denarc (Divisão Estadual de Narcóticos) que já estavam no encalço da quadrilha.

A cena era de filme: pessoas se jogando no chão e motoristas dando marcha à ré para escapar de tiros. Durante o confronto, o assaltante Luciano Ferreira do Nascimento, 26 anos, o “Neguinho”, foi peneirado pelos policiais.

Márcio Albuquerque, 27, que estava em liberdade condicional, também foi atingido e encaminhado, pelo Siate, ao Hospital do Trabalhador. Durante a troca de tiros, o investigador da Denarc Marcos Aurélio Ribeiro, 35, levou dois tiros na perna, e Leones Palhano de Góes, 60, que estava na fila do açougue, do outro lado da rua, também foi ferido na perna. Os dois foram conduzidos ao Hospital Evangélico e passam bem. Um terceiro marginal que dava cobertura aos comparsas num Palio vermelho conseguiu fugir.

Monitoramento

O delegado Kleudson Moreira Tavares, da Denarc, explicou que a quadrilha era monitorada há cerca de seis meses. Depois de grampear o celular do vigia – que trabalha para uma empresa de segurança -, a polícia descobriu que eles agiriam na manhã de ontem.

“Sabíamos que eles estavam envolvidos com tráfico e começaram a praticar assaltos”, disse o delegado. Ontem, os policiais estavam preparados para flagrar os bandidos. “Nossa intenção era prendê-los antes de entrarem na loja, mas, chegaram antes do combinado entre eles”. Segundo o delegado os bandidos fizeram o assalto antes de o carro-forte passar para recolher o dinheiro.

Por volta das 9h20, dois marginais armados com revólver calibre 38 e pistola 9 milímetros invadiram a loja, que tinha acabado de abrir. Dois funcionários e cinco clientes foram trancados no banheiro do andar de cima.

Como não conseguiram abrir o cofre da loja, os marginais encheram duas mochilas com celulares, pertences das vítimas e dinheiro do caixa e da tesouraria. Irene Sardagna que estava na loja para devolver um DVD ficou apavorada.

“O assaltante me dizia: ‘passa o celular se não vai levar tiro e morrer’. Não imaginava passar por isso logo a essa hora”, disse a mulher, que conseguiu recuperar o telefone.

Cerco

Quando a dupla deixava o estabelecimento, os policiais já haviam cercado o local. No entanto, eles reagiram à voz de prisão. Trancados no banheiro, os reféns só escutaram a saraivada de tiros.

Luciano foi atingido com mais de 20 tiros e morreu em frente à farmácia, que teve o vidro estilhaçado. Por sorte, a funcionária não estava no caixa e farmacêuticos conseguiram se jogar no chão.

O outro marginal foi baleado na frente da loja. Antes de ser levado até a ambulância, Márcio deu o nome do irmão e disse que morava no Tatuquara. Um dos tiros também acertou a porta de um veículo Fiat Stilo estacionado no posto.

A ação dos marginais foi registrada pelas câmeras dos estabelecimentos. As imagens já estão com a polícia que verifica se a mulher de “Neguinho” também dava cobertura à quadrilha.

“Recebemos a informação que os assaltantes embarcariam no carro dela, a algumas quadras à frente e o motorista do Palio continuaria sozinho”, revelou o delegado.

Acima de qualquer suspeita

Átila Alberti
Telefonema,s de Rogério com bandidos foram interceptados pela polícia.

Enquanto os feridos eram atendidos, Rogério era algemado no posto de combustíveis. “Eles roubavam em conluio com o vigia, que deu todas as informações para o crime. Ele será autuado por roubo e tentativa de homicídio”, disse o delegado.

Os funcionários do centro comercial e até moradores da região estavam surpresos com o envolvimento do segurança com a bandidagem. Segundo um frentista, Rogério trabalhava há pelo menos cinco anos fazendo a vigilância da quadra. O funcionário da loja que foi feito refém também estava surpreso. “Conversei com ele normalmente quando cheguei para trabalhar”.

Aplausos

Dezenas de curiosos se misturavam aos policiais. Muitos invadiram a faixa de isolamento e tiravam fotos para registrar o resultado do confronto. “Este bairro está perigoso demais. Tem muito assalto a comércio e a banco”, lamentou um morador.

Quando o corpo do bandido morto foi recolhido pelo Instituto Médico-Legal (IML) alguns aplaudiram o trabalho da polícia. Por volta do meio-dia, funcionários da loja limpavam a poça de sangue para retomar o expediente.