Terapeuta da íris vai para atrás das grades

Doenças que levam cientistas do mundo inteiro a trabalharem na busca frenética pela cura não eram problema para José Carlos Delfino, 39 anos.

Há dez anos, o falso médico dizia formular poções “mágicas” capazes de curar inclusive Aids e câncer, enganando centenas de doentes. A farsa acabou na noite de terça-feira, quando o charlatão foi descoberto pela polícia e preso em flagrante ao atender um grupo em uma igreja.

O homem, que se intitulava terapeuta naturalista e praticante de medicina alternativa, dizia diagnosticar todas as doenças através da íris dos olhos de seus “pacientes”. Ele não cobrava pelas consultas, mas sim pelas garrafas de remédios que ele mesmo manipulava e as vendia por R$ 8,00. Segundo José Carlos, para cada doença um medicamento diferente era produzido, todos confeccionados a base de tintura de plantas e produtos naturais. Ele afirma possuir uma carteira profissional de fitoterapeuta e diz que realizou cursos em Joinville (SC), que lhe credenciavam a atuar com o “curandeiro”.

Preso

O charlatão já estava sendo procurado pela polícia desde o ano passado. Através de denúncias de vítimas de José, feitas à Promotoria de Proteção à Saúde de São José dos Pinhais, a delegada Ana Cláudia Machado, que também atua na delegacia do Aeroporto Internacional Afonso Pena, passou a investigar o caso.

Na terça-feira, ela ligou para o falso médico, passando-se por paciente, e foi informada que poderia encontrá-lo à noite, em uma igreja, no Uberaba. Por volta das 21h30 a delegada, junto com alguns policiais, foi até o local indicado e prendeu José Carlos em flagrante, atendendo um grupo de seis pessoas. Ele foi levado à delegacia de São José dos Pinhais.

No carro dele, os policiais encontraram 590 cadastros de possíveis clientes, moradores em Curitiba e em diversas cidades da Região Metropolitana, os quais eram atendidos em domicílio. Cerca de 300 garrafas de “remédios” também foram apreendidas e encaminhadas à Vigilância Sanitária, que irá analisar a composição das fórmulas.

“Ele vai ser indiciado por crime hediondo, por vender remédios sem registro, discriminação da composição e controle de qualidade, o que pode resultar em até 15 anos de reclusão. José Carlos também será punido por ofício ilegal da medicina e artes farmacêuticas, além de charlatanismo por alegar que seus remédios curam doenças incuráveis, como a Aids”, esclareceu a delegada.

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