População do Umbará pede justiça

A morte de Felipe Osvaldo da Guarda dos Santos, 19 anos, ocorrida em suposto confronto com policiais militares, no Umbará, vai ser apurada em três inquérios. Foi instaurado inquérito policial militar e a Polícia Civil vai separar o caso em dois processos, um para apurar o suposto roubo do veículo em que estava Felipe e outro para investigar o homicídio. Na tarde de ontem, moradores e amigos de Felipe se reuniram e bloquearam a Rua Nicola Pelanda.

Eles queimaram vários pneus e móveis. Houve gritaria e os manifestantes jogaram pedras em um caminhão que chegou perto do bloqueio. O trânsito teve que ser desviado. Durante a manifestação eles gritavam por justiça e repudiavam a ação dos policiais militares, que, segundo eles, executaram sumariamente Felipe que não reagiu a abordagem policial.

Felipe foi abordado, domingo de madrugada, quando voltava de uma festa no Gol, ano 99, quatro portas, placa ATK-3856, de sua mãe, Josane da Guarda dos Santos. Segundo denúncias, os policiais atiraram cerca de 30 vezes contra o rapaz. Porém, a PM afirma que Felipe tentou fugir e atirou, com um revólver calibre 38, lixado, contra os policiais, provocando o revide. A família do rapaz disse que era ameaçada de morte por PMs, antes mesmo do homicídio.

Investigação

O tenente Carlos Vieira Heberle, encarregado do IPM, disse que tem 40 dias para concluí-lo e informou que os quatro policiais que participaram da morte de Felipe foram afastados e passaram a desenvolver funções administrativas. Heberle informou que recolheu a viatura usada pela equipe e que foi atingida por um disparo. ?Nos próximos dias vamos ouvir os policiais e possíveis testemunhas. Também vamos apurar os antecedentes criminais do ofendido (vítima)?, afirmou o tenente.

Segundo o policial, foi apurado que havia queixa de roubo do Gol. ?O alerta só foi dado para a PM, por isso não há registro na Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos (DFRV)?, disse o tenente, justificando o fato de a DFRV não ter nenhum registro de roubo do veículo. Quanto às ameaças que a família alega que policiais estavam fazendo contra Felipe e sua família, o tenente disse não ter ocorrência registrada nesse sentido.

O caso foi registrado na DFRV, que pediu a realização do exame de luva de parafina, para constatar se o jovem atirou antes de morrer.

A delegacia vai abrir inquérito para esclarecer o roubo do veículo e remeterá o processo sobre a execução para o distrito da área.

A reportagem da Tribuna tentou contato com o Secretário da Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari, para saber quais as providências que seriam tomadas. Porém, ao atender o telefone, o secretário disse que estava em uma reunião e desligou o celular.

Tranqüilidade provisória

Durante a tarde de domingo, moradores denunciaram que policiais militares foram até a casa dos pais de Felipe fazer ameaças. A reportagem foi até o local, mas os PMs já haviam saído minutos antes, de acordo com os moradores. Um amigo da família entrou em contato, ontem à tarde, com a Tribuna e disse: ?Depois que vocês vieram aqui, eles não retornaram mais. Hoje (ontem) vários policiais fizeram blitz na Rua Nicola Pelanda, mas não foram mais na casa do Felipe?. (VB)

Alertas indiscriminados

Qualquer pessoa pode entrar em contato com a Polícia Militar, através do telefone 190 para fazer alerta de roubo ou furto de veículos, não se exige que seja o dono do carro para fazer o comunicado. Segundo a assessoria da Secretaria de Segurança Pública é necessário alguns dados do veículo para registrar a ocorrência via telefone e o sistema está sendo aprimorado. Sem controle, qualquer pessoa está sujeita a viver o drama da família de Felipe. Segundo a PM, havia alerta de roubo, feito por uma pessoa por telefone. (VB)

Estranha semelhança

Situação semelhante ocorreu no Largo da Ordem, na madrugada do sábado da semana passada. Edson Elias dos Santos foi morto em suposto confronto com policiais militares do 12.º Batalhão. A PM afirma que Edson atirou contra a equipe. Porém, a família contesta que o rapaz estivesse armado. Também uma testemunha, que não se identificou, falou à TV Paranense, não ter visto o rapaz atirar.

O delegado Jairo Amodio Estorilio, da Delegacia de Homicídios, investiga o caso. Segundo apurou, César dos Santos, 20 anos, e Tiago Fernando de Lara, da mesma idade, que estariam junto com Edson, disseram que o rapaz reagiu à abordagem. Dois inquéritos – um aberto pela Polícia Civil e outro pela Polícia Militar -vão apurar a morte de Santos.

Após serem interrogados, César e Tiago foram liberados. O 12.º BPM afastou das atividades de rua os quatro policiais militares que atenderam aquela ocorrência.

Vida renasce

Durante o velório de Felipe, a mãe dele, Josane, deu à luz a um menino, às 23h35 de domingo. Devido à perda repentina, a mulher resolveu mudar o nome do filho, que iria se chamar Patrick, para Felipe Matheus. Ontem, Josane foi liberada da maternidade para acompanhar o enterro do filho, que aconteceu às 13h30 no Cemitério São Pedro, no Umbará. (VB)

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