Covardia

Policiais militares são acusados de execução

Os cinco jovens mortos no Alto da Glória por policiais militares, na noite de 10 de setembro, não participaram de confronto. Não deram nenhum tiro. Eles foram executados.

A constatação vem das provas reunidas no inquérito policial-militar que investiga o caso. Segundo divulgou, ontem, a Secretaria da Segurança Pública, os aparelhos de rastreamento implantados nas viaturas detectaram o trajeto dos policiais antes de chegar ao hospital.

Por conta das conclusões, a própria PM solicitou as prisões dos 13 investigados. A decisão foi acatada e os mandados expedidos no início da tarde de ontem, pelo juiz da auditoria militar Davi Pinto de Almeida. Até o início da noite, 12, dos 13 envolvidos, já estavam recolhidos. Os locais das prisões não foram divulgados.

Divergências

Até determinada parte, a versão dos policiais e das investigações concordam. Uma equipe do 20.º Batalhão se deparou com um veículo furtado, ocupado por cinco indivíduos.

A perseguição começou no Atuba foi até a Rua Nicolau Maeder, no Alto da Glória, onde os rapazes bateram o automóvel. Neste ponto começam as divergências.

Na versão dos policiais, os jovens desceram do veículo atirando. Teriam sido baleados no revide e levados ao Hospital Cajuru, onde chegaram mortos.

Já as investigações apontam que, depois do acidente, como os jovens estavam feridos, se renderam e foram algemados.

Monitoramento

Os aparelhos rastreadores das viaturas denunciam que, depois das prisões, os rapazes foram levados primeiro a um matagal no bairro Santa Cândida, onde foram executados, e só depois levados mortos ao hospital. A Sesp explica que, além destas, existem outras provas que robustecem a hipótese de execução.

Para o comandante da PM, coronel Luiz Rodrigo Larson Carstens, os policiais agiram descumprindo as leis vigentes, com desvio de conduta, falta de ética e ferindo as garantias de direitos humanos, estabelecidas pela Organização das Nações Unidas (ONU).

Foi por conta deste episódio que o governo determinou que, em confrontos, os policiais não podem retirar feridos do local. As vítimas têm que ser atendidas pelo Siate.

MP nas investigações

O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), braço do Ministério Público, acompanha paralelamente as investigações sobre o caso dos cinco jovens mortos no Alto da Glória. Segundo o coordenador do Gaeco, Leonir Batisti, o processo analisa individualmente a conduta dos 13 policiais.

Para serem concluídas, as investigações só dependem de provas técnicas, a cargo do Instituto de Criminalística. Caso constate-se que o caso não se tratou de legítima defesa dos policiais, durante confronto, os militares vão responder por homicídio na Justiça comum.