PF investiga empresário que dá golpe do emprego

A Polícia Federal, em Joinville (SC), está investigando um empresário de Curitiba que vem aplicando golpes naquela cidade. Ele é acusado de liderar uma quadrilha que supostamente agencia empregos no exterior e arranca dinheiro das vítimas, a título de “antecipação de despesas de viagem”. O golpe já lesou pelo menos doze pessoas na região Norte de Santa Catarina.

Uma das vítimas é um rapaz de 22 anos, que estava desempregado – alvo perfeito para a quadrilha. Ele teve prejuízo de cerca de 10 mil reais ao acreditar na promessa de emprego para ganhar muito dinheiro em Londres, Inglaterra. Além de pagar o que o suposto agenciador pedia, a vítima teve despesas ao ficar perambulando por países da Europa durante mais de dois meses.

Somente ao desembarcar na Europa, no final de fevereiro, ele descobriu que tinha sido enganado. Não conseguiu entrar na Inglaterra por falta de documentos adequados e acabou vagando pela Holanda, França e Portugal. Conseguiu voltar ao Brasil depois de 75 dias. O jovem concedeu entrevista exclusiva ao jornal catarinense A Notícia, e será ouvido pela polícia possivelmente ainda nesta semana.

Inquérito

De acordo com o delegado Paulo Correia Jung, chefe da PF em Joinville, o inquérito sobre o caso foi aberto no início de abril. Ele disse ontem que o delegado responsável, Marcelo Mosele, deverá pedir prorrogação do prazo para conclusão do inquérito. Muitas testemunhas já foram ouvidas, mas a PF quer reunir mais provas para pedir a prisão do suposto empresário. Recrutar trabalhadores mediante fraude é crime.

O nome do acusado está sendo mantido em sigilo. O jornal A Notícia apurou que ele é de Arapongas e tem duas empresas em Curitiba. O delegado Jung disse que a PF em Curitiba não foi acionada para entrar no caso porque as investigações estão no âmbito das vítimas, todas de Santa Catarina. “Assim que for preciso, pediremos apoio à Polícia Federal do Paraná”, comentou. Não há informações de que o acusado esteja aplicando o mesmo golpe em Curitiba. Das doze vítimas, oito já foram identificadas e sete ainda permanecem no exterior. Desse grupo de oito, apenas o rapaz que deu entrevista ao jornal de Joinville conseguiu voltar ao Brasil.

Cúmplice

O jovem contou que uma das mulheres que saíram do País com ele pode ser cúmplice do esquema. Havia um grupo de catarinenses que embarcou no Aeroporto Afonso Pena, com destino à Holanda, de onde tomariam um navio para Londres. O rapaz estranhou a atitude da mulher e a forma como ela se comunicava com o suposto agenciador de empregos. A mulher desapareceu e cada brasileiro do grupo teve que se virar por conta própria – o rapaz passou fome e voltou para casa em estado de subnutrição.

Ele afirmou, ainda, que o golpista procurou-o pessoalmente no início do ano para propor o emprego. Teria sido indicado por uma amiga da mãe dele. A PF confirma que o falso agenciador se utiliza de uma rede de contatos pessoais e não faz anúncios em jornais oferecendo emprego. Com isso, consegue mais credibilidade junto às futuras vítimas.

Dívidas

Outra pessoa localizada pelo A Notícia é uma costureira de 42 anos que está em Portugal. Ela viajou no mesmo grupo que o rapaz. A promessa do agenciador era de um salário de 2,5 mil dólares por mês, em Londres. Uma pousada em Lisboa, onde está a costureira, vem servindo de abrigo para outros catarinenses lesados pelo golpe. Lá, a mulher está trabalhando como faxineira para quitar dívidas contraídas junto ao pastor de uma igreja que a ajudou, e tenta ainda juntar dinheiro para voltar ao País.

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