Liberados suspeitos de assassinar o padre

O dois rapazes supostamente cúmplices de Cleverson Rosa de Amorim, 22 anos, no assassinato do padre Joaquim Braz – da Paróquia São Pedro, em Matinhos – que estavam sendo procurados pela polícia, apresentaram-se no início da madrugada de ontem no 2.º Distrito Policial e negaram qualquer envolvimento no caso. Denizio Rodrigues, 23, conhecido pelo apelido de “Cacá”, morador em Curitiba, foi ouvido como testemunha no inquérito. Já seu amigo, Sandro Ramos, 23, o “Dico”, residente em Matinhos, foi indiciado como cúmplice por ter sido a pessoa que sugeriu o roubo, afirmando que o padre deveria ser muito rico. Ambos foram colocados em liberdade após os interrogatórios.

Cleverson passou a noite de ontem na cela existente no Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) e nas próximas horas deverá ser removido para o Sistema Penitenciário. “Estamos tentando uma vaga para ele em algum lugar seguro”, afirmou ontem o delegado Vinícius Borges Martins, adjunto do 2.º Distrito Policial e responsável pelas investigações que culminaram na prisão ainda em flagrante do autor do disparo que matou o pároco de Matinhos.

Confirmado

“Não há duvida de que foi uma tentativa de assalto”, assegurou ontem o delegado Martins, após ouvir detalhadamente os dois outros indivíduos que figuraram como suspeitos no caso. “Cacá” sabia que o assalto iria acontecer, mas não aceitou participar e “Dico”, que disse que iria invadir a casa do padre Joaquim junto com Cleverson, desistiu na última hora.

O roubo iria acontecer na noite de segunda-feira, após uma reunião do padre com membros da comunidade para decidir detalhes sobre a festa de São Pedro, padroeiro da cidade, a ser realizada no dia 29 deste mês. Os três chegaram a se reunir na praça central de Matinhos, porém “Cacá” foi embora e “Dico” acabou indo para o colégio, ao invés de acompanhar o amigo. Sozinho, Cleverson pulou o muro que divide o colégio e a casa do padre e o aguardou que chegasse após a reunião. Ao anunciar o assalto foi surpreendido pela reação do religioso, que o agarrou e arrancou seu capuz. Como estava com a arma engatilhada, Cleverson atirou e atingiu o braço de padre Joaquim. A bala transfixou o peito e acertou o coração, provocando a morte da vítima pouco depois. Cleverson fugiu pelo mesmo lugar por onde entrou e foi para a casa dos pais, no Balneário Riviera, a três quilômetros do local do crime, onde foi preso horas depois.

Além dos três rapazes, mais alguém sabia da ação criminosa e esta pessoa, cujo nome está sendo mantido em rigoroso sigilo, teria sido o informante que forneceu o nome e o endereço de Cleverson, possibilitando sua prisão ainda em flagrante.

Outro crime

O assassino do padre já responde por outro crime de homicídio, ocorrido há três anos no bairro Fazendinha, em Curitiba. A vítima seria um indivíduo chamado Vanderlei, que teria furtado objetos de casa dele. Ambos se encontraram em uma praça, discutiram e entraram em luta corporal. Na briga, Vanderlei caiu e bateu a cabeça em uma gangorra, morrendo em seguida. Cleverson se apresentou à polícia após o crime, por isso respondia em liberdade. Ele está sendo atendido pela advogada Luci Marlene Habib desde aquela ocasião. Ontem, Luci preferiu não fazer comentários a respeito do caso que vitimou o padre, dizendo que ainda está estudando a forma de defesa. O acusado também está sendo apontado como principal suspeito de dois assaltos a estabelecimentos comerciais do litoral.

Enterro

O corpo do padre Joaquim foi velado até às 6h de ontem na Igreja de São Pedro e depois seguiu para Ibaiti (Norte do Estado), onde chegou às 14h e foi imediatamente levado para a igreja local. Uma missa foi realizada com a participação de três bispos e 30 padres para homenagear o religioso assassinado. A igreja ficou lotada. O sepultamento deverá acontecer hoje pela manhã, no cemitério local.

O bispo de Paranaguá, Dom Alfredo Novack, deverá decidir nos próximos dias quem substituirá o padre Joaquim na igreja de Matinhos.

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